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Vacina contra covid-19 da Uece deve custar apenas R$ 0,04 por dose e será administrada em gotas

BBrasil ultrapassa a marca de 30 milhões de casos confirmados de covid-19

Testagem é fundamental para saber o real cenário da pandemia do Brasil. Foto: Governo do Ceará

Desde que as vacinas foram criadas, elas cumprem uma função essencial na saúde pública. É por meio delas que a ciência consegue controlar epidemias em todo o mundo, salvando a vida de milhares de pessoas. Mas desde a chegada da pandemia de covid-19, as vacinas ganharam ainda mais importância, já que elas são entendidas como a única saída segura para esta crise. E é aí que entra o trabalho de cientistas e pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

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A proposta de desenvolver uma vacina cearense surgiu ainda em abril de 2020, pouco depois de um mês da chegada da pandemia ao Estado. A ideia era desenvolver um imunizante com base em um coronavírus aviário (IBV) atenuado, uma vacina que já é usada há décadas na avicultura.

“A gente tinha conhecimento que os humanos produzem anticorpos contra esse vírus e que essa doença da ave não acomete humanos, não faz com que humanos adoeçam. Então, a gente tinha, praticamente, uma vacina pronta. A gente foi ,apenas, testá-la, já que ela também é um coronavírus, é uma vacina de coronavírus, com o vírus vivo e enfraquecido”, explica Ney Carvalho, pesquisador do Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece (LBBM).

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Com a ideia pronta, os cientistas partiram para os testes em camundongos. Os pesquisadores buscavam comprovar que os anticorpos produzidos para o coronavírus aviário, através desta vacina, também eram capazes de neutralizar o Sars-Cov-2, causador da pandemia que enfrentamos atualmente. Diante o resultado positivo, através de testes clínicos, cientistas da Uece decidiram, então, entrar com uma solicitação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para dar início aos testes em humanos.

“A recomendação da Anvisa é que a gente faça o desafio em animais”, explica Ney Carvalho, ressaltando que este desafio é “imunizar o animal e depois colocar o vírus que a gente está combatendo, que é o Sars-Cov-2, no animal. Porque até agora [nas fases pré-clínicas], no nosso experimento, a gente colocou o vírus em células”.

Segundo o pesquisador da Uece, o próximo passo deste desenvolvimento, agora, deve ser o teste em hamsters, respondendo à solicitação da Anvisa. “Então a gente vai imunizar os hamsters, eles vão produzir anticorpos contra essa vacina, depois a gente vai desafiar esse hamster com o Sars-Cov-2 e vai esperar que esses anticorpos que eles produziram com a vacina sejam eficazes assim como foi mostrado nas células”, explica.

Apesar de ainda existir um longo caminho para a autorização do uso seguro desta vacina da Uece, a perspectiva desse imunizante é animadora. Isso porque ela traz algumas vantagens consideráveis em relação às vacinas que já circulam no País, a começar pelo preço. Enquanto a vacina mais barata comprada pelo Governo Federal custa cerca R$ 16 por dose, os pesquisadores da Uece estimam que cada dose do imunizante cearense saia pelo valor de R$ 0,044.

Outro diferencial está no método de administração do imunizante da Uece. Baseado na vacina que já se usa nas aves, a expectativa é que, nos humanos, ela seja administrada por via intranasal, ou seja, através de gotas no nariz. “São anos de estudo para essa vacina aviária que funciona desse jeito e a gente acredita que vai funcionar também com o humano”, explica Ney Carvalho.

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Para além das questões técnicas, o pesquisador ressalta que trabalhar na produção desse imunizante contra covid-19 no Ceará é motivo de orgulho, especialmente para quem já trabalha, há anos, na produção científica do Estado. “Há a expectativa da Uece. Eu sou cria da Uece, sou formado pela Uece, tenho mestrado pela Uece, estou terminando o doutorado pela Uece, então, para mim, é uma marca. É a minha segunda casa. Para mim é uma honra servir e ter tempo de dedicação a essa casa que sempre me fez bem”, emociona-se Ney Carvalho.

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