O presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Alexandre Lopes, disse nesta sexta-feira (29) que existe, sim, a possibilidade de o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) digital também registrar um índice alto de abstenção —o impresso bateu recorde de baixa participação, com mais de 55,3% de abstenção.
“É possível que se repita, sim. A gente espera, no entanto, até porque as pessoas optaram por fazer o Enem digital, a gente espera que mais pessoas compareçam ao local de prova neste domingo”, comentou Lopes, durante a Live JR, com os jornalistas Celso Freitas, Jean Brandão e Luiz Fara Monteiro.
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Para esta edição do Enem, ao todo, 5,7 milhões de estudantes se inscreveram, mas apenas 2,8 milhões participaram do primeiro dia de prova, no domingo (17). O recorde apresentado até então havia sido em 2009, quando 37,7% dos inscritos não realizaram as provas.
Questionado sobre os desafios de realizar o exame em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente do Inep fez um balanço positivo. De acordo com Alexandre Lopes, mesmo com todas as desigualdades, o Brasil conseguiu aplicar as provas em escala nacional e, assim, garantir a manutenção de programas públicos de acesso ao ensino superior.
“Foi um nível de abstenção maior que nos anos anteriores. Mas, por outro lado, no meio da pandemia, em que outros países cancelaram seus exames de admissão, o Brasil conseguiu realizar um exame de admissão em escala nacional, mesmo com todas as desigualdades que nós temos. É importante frisar que o Enem dá acesso a outras políticas públicas muito importantes para o combate à desigualdade, como o Sisu, o ProUni e o Fies.”
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A primeira edição do Enem digital começa neste domingo (31). A prova será aplicada de forma piloto para um número reduzido de participantes, mas, no entanto, já poderá ser usado para concorrer a vagas no ensino superior —por meio de programas como o ProUni e o Sisu, por exemplo. Embora seja realizado por meio do computador, os candidatos deverão ir até os locais de prova e, assim como na versão impressa, levar caneta esferográfica de cor preta.
“É um computador para cada estudante. É um computador determinado. Quando o aluno chegar na sala, o fiscal vai orientar qual o computador que ele vai utilizar. Quando ele se sentar, vai estar ali a foto dele, nós pedimos a foto dele durante o período de inscrição, e o nome dele. Para ele ver se está diante da máquina certa em que ele vai fazer a prova”, explicou.
Segundo o presidente do Inep, a versão digital busca reproduzir a mesma experiência da impressa. Além disso, as questões foram elaboradas para que as provas tenham exatamente o mesmo grau de dificuldade, graças ao método de correção TRI (teoria de resposta ao item).
Durante a aplicação, os candidatos não terão acesso a programas externos. “Ele só vai poder utilizar o sistema de aplicação da prova. Ele não vai poder utilizar outros recursos. Outra coisa importante, nós moldamos o sistema de modo que ele não vai precisar utilizar o teclado. O candidato só vai utilizar o mouse.”
A redação, no entanto, terá que ser manuscrita. “Ainda não é possível fazer a redação da forma digitada, justamente para garantir essa comparação com quem está fazendo a redação no Enem impresso. Esse ano, a redação é manuscrita, por isso, é importante que o participante leve a sua caneta de tinta preta e cor transparente.”
Correção de gabarito após acusações de racismo
O gabarito oficial do Enem divulgado na quarta-feira (27) foi corrigido, logo no dia seguinte, após erros em duas respostas. Na primeira, a alternativa apontada como correta para uma pergunta de interpretação de texto, que dizia que a mulher negra que não queria alisar os cabelos era “demonstrava uma postura de imaturidade”. Já no segundo caso, a pergunta afirmava que o Google associava nomes de pessoas negras a fichas criminais por causa da “linguagem” e não pelo “preconceito.”
Questionado quanto ao tema, o Alexandre Lopes explicou que a equipe pedagógica do Inep identificou um erro de conferência no gabarito após uma série de questionamentos. “Surgiu nas redes sociais, a equipe pedagógica foi olhar e viu que o gabarito que nós tínhamos informado inicialmente não era o correto para a questão e, então, a gente promoveu a alteração. Como também teve outras duas questões que precisaram ser anuladas. Neste caso, a questão não precisou ser anulada, porque a letra informada é que era errada a questão informada.”
‘Live JR’
A Live JR, programa de entrevistas do Jornal da Record em todas as plataformas digitais da Record TV, recebe, toda semana, algumas personalidades da vida política e econômica do país.
As entrevistas acontecem todas as sextas-feiras e são transmitidas ao vivo pela Record News, pelo R7 e, ainda, por meio das redes sociais do Grupo Record. Além disso, havará exibição de trechos no Jornal da Record e no Fala Brasil.