Internacional

Unesco: Afeganistão tem 1,4 milhão de meninas proibidas de frequentar escolas

A proibição do acesso à educação para meninas no Afeganistão sob o regime talibã coloca em risco o futuro de uma geração inteira.

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15 de agosto de 2024
Estadão

Ao menos 1,4 milhão de meninas tiveram o acesso à educação negado no Afeganistão desde 2021, quando os talibãs retomaram o poder, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 15, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

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O número atual representa um aumento de 300 mil meninas privadas do acesso ao ensino desde abril de 2023, quando o levantamento anterior foi realizado. A diferença reflete o número daquelas que atingiram 12 anos de idade nesse período, já que, antes disso, elas podem estudar. Se for somada a quantidade que já estava fora da escola, a soma chega a 2,5 milhões sem direito à educação, o que representa 80% das meninas afegãs em idade escolar.

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“Hoje, o Afeganistão é o único país do mundo a proibir o acesso à educação para meninas com mais de 12 anos e para mulheres. Esta situação deve preocupar a todos nós, o direito à educação não pode ser negociado ou comprometido. A comunidade internacional deve permanecer totalmente mobilizada para obter a reabertura incondicional de escolas e universidades para meninas e mulheres afegãs”, afirma Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco.

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Segundo a nota do órgão, em três anos no poder, os talibãs “quase acabaram com duas décadas de progresso constante na educação no Afeganistão, e o futuro de uma geração inteira está agora em risco”.

Dados da Unesco indicam ainda que o número de alunos matriculados no ensino fundamental drasticamente nos últimos três anos. Em 2019, eram 6,8 milhões de estudantes (meninos e meninas) na escola primária, número que caiu para 5,7 milhões em 2022.

“Essa queda na matrícula na escola primária é o resultado da decisão das autoridades de proibir professoras de ensinar meninos, exacerbando a escassez de professores. Também pode ser explicada pela falta de incentivo dos pais para enviar seus filhos à escola, em um contexto socioeconômico cada vez mais difícil”, diz a nota da Unesco.

O órgão diz que a situação é cada vez mais alarmante, já que a taxa de evasão escolar é cada vez maior. Para a Unesco, isso pode levar a um aumento no trabalho infantil e no casamento precoce.

A situação da educação sob o regime talibã é crítica também se forem analisados os dados das matrículas nas universidades, que tiveram queda de 53% desde 2021. “Como resultado, o país enfrentará rapidamente uma escassez de graduados treinados para os empregos mais qualificados, o que só agravará os problemas de desenvolvimento”, diz o texto da nota.

Esforços

Para tentar driblar a situação, a Unesco diz que tem trabalhado com seus parceiros para desenvolver modos alternativos de aprendizagem. Uma delas é o treinamento de mil pessoas, sendo 780 delas mulheres, para oferecer cursos de alfabetização. “Esses cursos já beneficiaram mais de 55.000 jovens, a grande maioria deles meninas, em quase 1.900 aldeias”, informa a Unesco.

Outro investimento é o ensino à distância via rádio e televisão, fornecendo apoio financeiro e treinamento à mídia afegã que deseja desenvolver e transmitir programas educacionais. Essa parceria, segundo a Unesco, já atingiu uma audiência estimada de 17 milhões de afegãos.

“Embora esses modos alternativos de aprendizagem tenham o mérito de contribuir para a resiliência da juventude afegã, a Unesco lembra que nada pode substituir a educação presencial em uma sala de aula” ,diz a nota do órgão.

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Fonte: Estadão

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