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Campanha começa com Nunes na igreja, Boulos na periferia, Tabata na escola e Datena no interior

Bairros da periferia, cartões-postais da cidade e até igrejas fazem parte do roteiro escolhido pelos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo para a estreia da campanha de rua nesta sexta-feira, 16, quando começa oficialmente o período eleitoral. Este ano, a disputa pelo comando da capital vai contar com dez candidatos, dos quais apenas dois já participaram de eleições anteriores para o cargo.

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O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que aparece empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL) na liderança da disputa eleitoral na última pesquisa Datafolha, repetiu o seu antecessor, o ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), ao escolher uma igreja para o seu primeiro ato de campanha. Na manhã desta sexta-feira, o prefeito assistirá a uma missa na Catedral de Santo Amaro, acompanhado de sua esposa, Regina Nunes, de Tomás Covas, filho do tucano e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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Essa não é a primeira vez que o prefeito faz uma reverência à família Covas. A convenção que oficializou a candidatura de Nunes à reeleição ocorreu no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mesmo local onde Mário Covas, avô de Bruno, lançou sua candidatura vitoriosa ao governo do Estado.

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A escolha de uma igreja para o primeiro ato de campanha reforça a estratégia de Nunes de enfatizar que um eventual segundo mandato será a continuidade do trabalho iniciado ao lado de Covas, que morreu em maio de 2021 vítima de um câncer. A associação com o tucano vem sendo utilizada pela campanha como uma maneira de distanciar Nunes do bolsonarismo.

A opção pela Catedral de Santo Amaro também carrega outro simbolismo: a igreja está situada na zona sul da cidade, região que se tornou um campo de batalha eleitoral neste ano por ser reduto de Nunes, Boulos e Tabata Amaral (PSB). À tarde, Nunes pretende realizar uma caminha com seu vice, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), na região central.

Boulos decidiu iniciar sua campanha à Prefeitura de São Paulo na periferia, começando pelo bairro do Campo Limpo, onde vive com sua esposa e duas filhas há mais de uma década. Boulos receberá sua vice, Marta Suplicy (PT), para um café da manhã em sua residência. Após a refeição, os dois farão uma caminhada pelo comércio local.

À tarde, Marta e Boulos participarão de uma nova caminhada, desta vez no centro da cidade, com início no Teatro Municipal. Para encerrar o dia, eles planejam conversar com comerciantes em Itaquera, na zona leste, partindo da Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Na eleição municipal de 2020, Boulos também começou sua campanha na periferia, no bairro de São Mateus, zona leste.

No fim de semana, Boulos continuará sua agenda nas periferias da cidade, priorizando encontros com moradores e lideranças comunitárias, uma estratégia central da campanha do PSOL para crescer nessas regiões nas quais aparece empatado com Nunes. Nesta semana, o candidato já realizou plenárias no Conjunto City Jaraguá e na Vila Hebe, ambos no extremo norte da capital, e se reuniu com entidades de classe e trabalhadores de aplicativos.

Já Tabata escolheu iniciar sua campanha de rua em uma escola municipal no distrito de Brasilândia, na zona norte. Acompanhada de sua vice, a professora Lúcia França (PSB), a candidata fará um anúncio em frente à unidade de ensino. A educação é uma das principais bandeiras da candidata do PSB. No fim do dia, Tabata e Lúcia vão lançar o programa de governo da chapa em um salão de festas n Butantã, zona oeste.

Enquanto isso, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) iniciará sua campanha em Cidade Tiradentes, distrito da zona leste. À tarde, ele planeja caminhar pela Rua 25 de Março para conversar com os comerciantes locais.

Marina Helena participa de uma sabatina na Record TV nesta sexta-feira. Depois, fará apenas reuniões internas e preparação para o debate que será promovido pela Veja na próxima segunda-feira (19). O lançamento oficial da campanha acontece neste sábado, 17, em um hotel na República. No evento, Marina se reúne com o vice na chapa, Reinaldo Priel, o ex-deputado federal Deltan Dallagnol e a deputada Adriana Ventura.

Já o jornalista José Luiz Datena (PSDB) adotou uma estratégia diferente de seus concorrentes, começando sua campanha no interior do Estado. Segundo um interlocutor do tucano, Datena optou por visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, localizado a 170 quilômetros da capital.

Entre os candidatos de partidos nanicos, Altino Prazeres (PSTU) começará sua campanha visitando trabalhadores de uma fábrica na zona sul e depois vai panfletar na região do Brás. Ricardo Senese (UP), por sua vez, vai panfletar no Anhangabaú, no centro, e depois seguirá para uma comunidade no Belenzinho. Bebeto Haddad (DC) vai visitar lideranças na zona leste e João Pimenta (PCO) não tem agendas externas.

Candidatos definem estratégias

Com o primeiro turno marcado para 6 de outubro, as campanhas já desenham suas estratégias para conquistar o eleitorado da maior cidade do País.

Tarifa zero aos domingos, faixas exclusivas para motos, recapeamento e ausência de filas em creches. Essas são algumas das principais vitrines que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, pretende destacar em sua campanha de reeleição.

As realizações da Prefeitura são a principal aposta de Nunes para a disputa eleitoral. Como já demonstrado nos primeiros debates, o prefeito planeja enfatizar tanto o que já realizou quanto o que ainda pode concretizar em um eventual segundo mandato. Para fazer frente a Boulos, hoje seu principal adversário, Nunes deve rotular o líder sem-teto como “invasor” e “radical”, enquanto se posiciona como um candidato moderado de centro. O principal obstáculo para colocar esse plano em prática chama-se Jair Bolsonaro, de quem o prefeito é aliado. Boulos, como fez na pré-campanha, deve apostar na associação de Nunes a Bolsonaro para transferir a rejeição do ex-presidente ao prefeito.

Nunes tem usado seu próprio partido, o MDB, e a ligação com Bruno Covas para se blindar das acusações de ser bolsonarista. Sempre que possível, ele ressalta que se filiou ao MDB no mesmo dia em que tirou seu título de eleitor e lembra que o filho de Covas faz parte de seu governo e apoia sua reeleição.

Boulos aposta fortemente no apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para conquistar votos. De acordo com membros da campanha, Lula deve entrar em campo já na próxima semana. No dia 24, um sábado, o presidente é esperado em São Paulo para participar de dois comícios ao lado de Boulos, um na zona leste e outro na zona sul. Além disso, Lula deve gravar vídeos com Boulos para serem utilizados na campanha.

O candidato do PSOL pretende concentrar suas críticas no atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), evitando confrontos diretos com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB). Segundo interlocutores, a campanha psolista deve adotar um tom propositivo, focando em propostas concretas para a cidade. Entre as principais apostas da campanha estão a implementação da tarifa zero, o aumento do efetivo da Guarda Civil Municipal, e a criação de novos centros de atendimento voltados especialmente para idosos, jovens e trabalhadores de aplicativos.

Embora seja conhecido por quase todo o eleitorado paulistano (96%, segundo a última pesquisa Datafolha), Datena terá como principal desafio tornar conhecida também a sua candidatura à Prefeitura de São Paulo. Segundo integrantes de sua campanha, outro obstáculo importante será superar a resistência dos setores mais escolarizados.

O último Datafolha revela que o apresentador tem desempenho melhor entre o eleitorado de menor renda. Sua intenção de voto passa de 14% no eleitorado geral para 18% entre os que ganham até dois salários mínimos, ficando empatado, dentro da margem de erro, com Nunes, que registra 24% nesse mesmo segmento. No entanto, entre o eleitorado mais rico, com renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos, Datena tem apenas 3% de intenção de voto, contra 24% de Nunes.

A principal estratégia de Datena será se apresentar como um candidato independente, que não está ligado nem a Lula e nem a Bolsonaro, numa espécie de terceira via. O apresentador, no entanto, enfrentou dificuldades de apresentar suas propostas e concluir raciocínios nos dois primeiros debates televisivos.

Sem tempo de televisão, toda a estratégia da campanha do ex-coach Pablo Marçal será focada nas redes sociais, onde ele soma 13 milhões de seguidores, o maior público entre todos os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Aproveitando essa base, o candidato, que já declarou em várias ocasiões que não utilizará o fundo eleitoral, pretende viabilizar financeiramente sua campanha por meio de doações de apoiadores.

Marçal aposta no eleitorado jovem, que já o segue nas redes sociais, e também no bolsonarismo raiz para alavancar sua candidatura. A campanha do empresário acredita que há uma parcela dos eleitores da direita insatisfeita com a falta de alinhamento do prefeito Ricardo Nunes com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O prefeito tem o apoio formal de Bolsonaro, que inclusive indicou o seu vice, coronel Ricardo Mello Araujo. No entanto, o prefeito não é visto como bolsonarista.

O ex-coach pretende nacionalizar a disputa, trazendo a polarização entre Lula e Bolsonaro para o cenário político municipal, na tentativa de chegar ao segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), apoiado oficialmente pelo presidente Lula (PT).

A estratégia da candidata do Partido Novo, Marina Helena, terá como foco a participação em debates e entrevistas para que ela possa se apresentar para o público.

As aparições somadas ao detalhamento do plano de governo autodeclarado “disruptivo e transformador”, coordenado pelo economista Carlos da Costa, ex-secretário especial do Ministério da Economia durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), deverão ser suficientes neste primeiro momento para “reivindicar o espaço” da postulante na disputa pelo pleito municipal como a opção para os eleitores de direita. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que 38% dos eleitores da capital paulista se dizem de direita ou centro-direita.

A campanha ressalta que a agenda de Marina será “mais tranquila” comparada a de outros candidatos porque ela está amamentando, o que limita seus compromissos a duas horas e meia de duração. Marina Helena deu à luz em março deste ano, e chegou a dizer que faria campanha com o filho no colo.

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Fonte: Estadão

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