Reportagem Especial

Coronavírus no Ceará: Primeiros casos e depoimentos de recuperados

Os coronavírus não são uma novidade na ciência. Descobertos na década de 1960, eles se subdividem em gêneros, espécies e cepas. Enquanto alguns afetam apenas animais irracionais, outros, como Sars-CoV-2 ou Covid-19, descoberto em 2019, atingem os seres humanos. Embora os sintomas possam se assemelhar, em parte dos casos, a um resfriado comum, a capacidade de transmissão é superior, ocasionando a pandemia.

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2 de outubro de 2020
Teste Teste

Embora as primeiras confirmações fossem registradas em março de 2020, o novo coronavírus já circulava no Ceará desde janeiro, conforme a secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa (Sesa), Magda Almeida. Considerando os sintomas, os primeiros casos aconteceram em 20 de janeiro. Os pacientes eram de Fortaleza, Caucaia, Eusébio, Itaitinga, Horizonte e Sobral.

Coronavírus no Ceará: Primeiros casos e depoimentos de recuperados
Covid-19 no Ceará / Imagem de Divulgação

No mês seguinte, também apareceram pacientes em Itapipoca, Maracanaú, Pacajus e Quixadá. Para se chegar ao resultado, a pasta considerou o relato das vítimas sobre os sintomas e a demora pelo diagnóstico no período, quando não se fazia ideia de que o vírus tinha chegado ao País. Assim, as pessoas buscavam os hospitais acreditando ser um resfriado comum.

“A gente teve duas coisas importantes. Esses primeiros casos ocorreram principalmente na iniciativa privada, fazendo a retrospectiva. A gente têm algumas dificuldades com a notificação da iniciativa privada. Então, eram casos que a gente não estava nem sabendo como Secretaria do Estado. Alguns deles (pacientes) tinham sido internados por outros motivos. Outra questão é que os exames de Covid-19 ainda não tinham chegado aqui. Em janeiro e fevereiro, não tinha exames para Covid-19 no Ceará. Então, essas pessoas foram internadas, provavelmente, por outros motivos”, explica Magda.

“Depois que saíram os resultados, a gente coletou exames de pessoas que tiveram sintomas em janeiro, em fevereiro. É por isso que aparece esses casos de início de janeiro. Percebemos que, em janeiro, já tinha pessoas que foram confirmadas depois e que apresentaram sintomas antes. As pessoas já tinham coronavírus desde janeiro, que foi quando o vírus começou a circular aqui. Mas, não significa que a gente sabia disso. Porque a gente só conseguiu confirmar o primeiro caso em março”, completa.

Recorrência de sintomas após primeira infecção

Desde julho, a Sesa disponibiliza uma nota técnica para orientar os profissionais da saúde sobre a recorrência de sintomas, após a primeira infecção. Para tal, os pacientes devem se submeter a novos testes. Conforme a infectologista Keny Colares, a situação pode indicar uma nova síndrome gripal causada pelo Coronavírus. A especialista alerta que não existem evidências científicas que comprovem que os pacientes curados estão imunes. 

“Ainda não está determinado o grau de proteção para uma pessoa que já teve a doença, nem por quanto tempo está protegida. É preciso tomar todos os cuidados da mesma forma das pessoas que nunca tiveram Covid-19, como usar máscara e manter o distanciamento social”, ressalta.

Depoimentos

Fiquei 9 dias em isolamento social dentro de casa, comecei a sentir falta de ar, fui transferido para Fortaleza, cheguei a desmaiar duas vezes na ambulância. Fui internado por 12 dias, cheguei a perder a esperança, mas os médicos sempre diziam que ia dar certo. Não menosprezar o potencial destrutivo desse vírus.

– Raimundo Alves Bezerra, Perito Criminal

No total, fiquei 41 dias internado. Tive três pneumonias, agravou a leucemia – sou paciente de risco-. Quando o médico disse que ia me dar alta foi uma felicidade muito grande, estando em casa a gente já se sente mais vivo, com mais segurança.

– Régis Feitosa, Economista

Tive perda de olfato, paladar e não resolvendo os sintomas, procurei um hospital público. Tive um pico de pressão, a oxigenação do sangue baixou, fiz uma tomografia, onde ficou constatado que tive uma perda pulmonar, causando a falta de ar. Fiquei internado durante 4 dias tomando medicação. Se cuidem, não é brincadeira, não se trata de uma gripezinha, é coisa séria.

– Marcelo Silva, Vigilante

Começou com uma ida ao supermercado, já voltei meio doente. É uma batalha enorme, o vírus é muito forte, não é uma gripezinha. Tinha dias que não levantava do sofá, só conseguia dormir de peito para cima. Tomando os remédios corretos, horários corretos, a febre não passava nunca. É uma batalha, graças a Deus eu venci.

– Rafael Allan, Fotógrafo

Tratamento no hospital foi fundamental, acompanhamento, exames, isso me ajudou muito na minha recuperação. Dar mais valor aquilo que realmente importa, procurar olhar sempre mais para o próximo, entender a necessidade de cada um, sempre ajudar as pessoas.

– Adriano Carvalho, 47 anos

Depois de tirar a intubação comecei a melhorar, 4 dias depois vim para casa, mesmo sem conseguir andar direito, perdi o movimento das pernas e das mãos por causa da intubação. Aprendi a valorizar mais, os amigos, dizer que ama as pessoas, valorizo mais a água e pois não podia tomar quando estava entubada.

– Tamar Pacheco, Assistente Social

Iniciei com dor no corpo e dor de cabeça, depois de 5 a 6 dias, começou a tosse, falta de apetite, cansaço, melhor posição era ficar deitada, o cansaço foi aumentando e aí procurei o médico. Fiquei internada e já fui logo entubada na UTI, passei 6 dias entubada e no total passei 9 dias internada. Agradecer a vida e por ter mais uma chance de viver.

– Priscila Leite, Técnica de Enfermagem

Senti os primeiros sintomas como se fosse uma virose, dias depois senti falta de ar, fui para o hospital, fiz exames e foi constatado um comprometimento pulmonar. Eu fui reagindo de acordo com a medicação, me recuperei, voltei para casa depois de 9 dias de internação, angústia, tristeza associada a fé, esperança.

– JB Fonteles, Radialista

Testes gratuitos na Cidade

O exame gratuito para Covid-19 pode ser feito em quatro pontos na Grande Fortaleza. Na Praça do Ferreira e no município de Maracanaú, basta chegar com documentação, mesmo sem apresentar sintomas. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 08 às 16 horas. São realizados até 200 exames por dia.

Já nos drive-thru instalados no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e no shopping RioMar Kennedy, o agendamento é feito pelo aplicativo Ceará App ou no site Saúde Digital. Nos dois locais, os pacientes devem ter sintomas leves ou moderados há no mínimo três e no máximo sete dias.

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