O citômetro é o equipamento responsável em fazer a leitura das amostras
Hemoce implanta técnica para identificar doenças de coagulação do sangue
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) passou a realizar imunofenotipagem por citometria de fluxo para distúrbios funcionais de plaquetas. A técnica é capaz de diagnosticar patologias de coagulação do sangue e identificar o diagnóstico de pessoas com sangramentos que estão em investigação para casos suspeitos de doenças plaquetárias.
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Antes, quem precisava realizar o exame no Ceará tinha de se deslocar até outro estado para fazer a coleta, sem a possibilidade de enviar apenas a amostra – por causa do tempo necessário para seu processamento. “As plaquetas não têm estabilidade, por isso, não é possível coletar a amostra aqui e enviar para fora. A avaliação tem que ser feita no local, porque temos 12 horas desde a coleta até a realização do exame. A utilização da citometria de fluxo, além de melhorar a assistência aos pacientes, permite direcionar para o tratamento correto”, explica Mabel Fernandes, hematologista do Hemoce.
As plaquetas são componentes do sangue que têm papel fundamental no controle de sangramentos. Para analisar os seus distúrbios funcionais, existem várias formas, entre elas, a citometria de fluxo e a agregação plaquetária. A primeira consegue identificar um grupo de doenças, como a síndrome de Bernard-Soulier e a Trombastenia de Glanzmann. A outra consegue verificar um número maior de patologias. Em breve, o Hemoce também contará com a técnica de agregação.
Citometria de fluxo
O Hemoce reestruturou há três anos o setor da citometria de fluxo. Recentemente, o equipamento estadual passou a utilizar a técnica na imunofenotipagem na avaliação dos distúrbios funcionais de plaquetas. A demanda surgiu no ambulatório de coagulopatias e hemoglobinopatias pela necessidade de avaliar as expressões dos antígenos plaquetários e tentar identificar, por meio do exame, o resultado de cerca de 40 pacientes que hoje aguardam a definição do real diagnóstico. Mabel Fernandes conta como ocorre essa identificação.
“As plaquetas naturalmente expressam alguns marcadores, como se fosse a identidade da plaqueta. A citometria de fluxo ajuda no diagnóstico dizendo o que está marcando naquela plaqueta e a sua intensidade. Quando a plaqueta apresenta alguma deficiência ou ausência desses marcadores, são indicativos dessas síndromes. De acordo com cada marcador, é possível identificar na classificação da citometria de fluxo se é síndrome de Bernard-Soulier ou Trombastenia de Glanzmann”, detalha a hematologista.
Após a inserção da amostra no equipamento, o citômetro fornece um gráfico, onde é possível verificar a redução na expressão do marcador, identificando qual doença o paciente possui. Foto: Natássya Cybelly/Ascom Hemoce
Para chegar neste resultado final, existe um longo processo de estudo e avaliação que inicia com a suspeição clínica (indicação do médico para algumas dessas doenças), passando pela citomorfologia (análise microscópica de células) e a citometria de fluxo (que verifica os antígenos).
Agora, com o diagnóstico confirmado, a paciente, em caso de sangramento, vai ter a possibilidade de fazer o tratamento correto da doença. “Nós temos o ambulatório de referência do Estado no acompanhamento das coagulopatias hereditárias raras, e os distúrbios funcionais de plaquetas também entram nesse grupo. Porém, existia uma dificuldade em definir e concluir o diagnóstico desses pacientes, já que não tínhamos acesso aos exames necessários para fazer essa avaliação”, afirma a diretora de Hematologia do Hemoce, Luany Mesquita.
Alguns pacientes que seguiam sem diagnóstico confirmado, segundo ela, poderão chegar a uma conclusão pela citometria de fluxo. “Eles vão poder, finalmente, ter uma definição diagnóstica clara para serem conduzidos de forma mais adequada, tendo uma melhor qualidade de vida. Atualmente, o Hemoce é o único equipamento do Ceará a contar com o serviço”, destaca.
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Atendimento no Hemoce
O Hemoce é referência nacional no atendimento de pessoas com coagulopatias e hemoglobinopatias. Em todo o Estado, mais de 1.500 pessoas são acompanhadas. O Hemoce Fortaleza coordena todo este trabalho e também supervisiona o tratamento nas unidades do interior cearense, onde a assistência é realizada por meio dos hemocentros regionais de Sobral, Quixadá, Crato e Iguatu.
O serviço de citometria de fluxo está disponível para qualquer paciente do SUS, sendo necessário apenas ser encaminhado de uma unidade de saúde para o Ambulatório de Coagulopatias e Hemoglobinopatias do Hemoce. No equipamento, o caso será avaliado pelo corpo clínico especializado da instituição. Havendo indicação, o paciente realizará a coleta para o exame.
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