Além de restaurar a visão de idosos, a cirurgia de catarata pode ajudar a reduzir o risco de Alzheimer e outras formas de demência. Uma pesquisa recente publicada no JAMA Internal Medicine indica uma provável redução de perigo de declínio cognitivo em pacientes operados de catarata, graças a um possível mecanismo fisiológico do córtex cerebral, que sofre alterações com a perda de visão, levando à atrofia do órgão, um fator que influi diretamente na incidência de demência.
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O médico oftalmologista e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Giuliano Veras comenta, a partir dos dados da pesquisa, a relação entre o córtex visual e o recebimento de estímulos luminosos com a realização da cirurgia de catarata.
“A catarata é uma não pacificação de uma lente natural que temos nos olhos e que costuma perder a sua transparência ao longo da vida. O córtex visual, parte do cérebro responsável pela tradução do estímulo visual recebido através dos olhos, sofre mudanças com a perda da visão, o que pode levar à atrofia do córtex e, consequentemente, comprometimento da visão de idosos, cuja faixa etária é a mais atingida pela catarata”, afirma o médico.
A pesquisa examinou 3.038 homens e mulheres com catarata com 65 anos ou mais e sem demência no momento do diagnóstico. Destes, 1.382 realizaram cirurgia de catarata e o restante não. Todos faziam parte de um estudo de memória que os acompanhou ao longo de décadas.
Como um dos resultados, o risco geral de demência foi 29% menor naqueles que fizeram cirurgia de catarata em comparação com aqueles que não fizeram. Mesmo sem comprovar causa e efeito, o estudo é uma evidência palpável, já que apenas pacientes autorizados a realizar a cirurgia participaram da pesquisa.
Outro reflexo da pesquisa está em reforçar o impacto que a perda da visão e audição, por exemplo, têm no declínio cognitivo, afetando atividades ligadas ao intelecto e à socialização, como leitura, exercícios físicos e interações sociais, fazendo com que idosos se afastem desses tipos de tarefas.
Para o médico oftalmologista, “essa é uma linha de pesquisa interessante porque ajuda profissionais de geriatria e que acompanham pessoas com mais idade a perceber a possibilidade de o declínio cognitivo estar ligado a uma piora da qualidade visual”.
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