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Saúde mental para além do adoecimento

Falar sobre saúde mental é sempre um desafio, pois imediatamente nos remete ao seu inverso: a doença mental, que é associada à loucura, ao extrapolamento dos limites da normalidade, à falta de autonomia e a outros inúmeros tabus implícitos nessa temática.

É importante colocar em evidência o esclarecimento e a prevenção dos transtornos ansiosos, da depressão, da bipolaridade, do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), da esquizofrenia ou tantos outros. Contudo, muito além do adoecimento psíquico, é sobre o adoecimento emocional, o aprisionamento da subjetividade, sobre a complexidade humana que precisamos falar.

Somos seres biopsicossociais e, assim, precisamos lidar com muitas dimensões que por vezes negligenciamos pelos mais diversos motivos. A rotina moderna tem nos robotizado e arrancado a nossa sensibilidade para refletir sobre as emoções, os pensamentos, os vínculos e os comportamentos.

Cotidianamente lidamos com semelhantes, seja no trânsito, no trabalho, em casa, com filhos, amigos, cônjuges. Esse contato, aparentemente simples, exige equilíbrio e requer uma estruturação saudável para que as relações não sejam nocivas ou destrutivas, tanto para nós como para outrem.

Além disso, para mover a locomotiva da vida, precisamos encontrar propósito, sentido, energia de potência que nos ofereça ânimo, disposição para viver.

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Quantos de nós, envolvidos por uma rotina perturbadora, nos pegamos desesperançosos e desgastados, percebendo que a vida funciona como um relógio a corda?
Quem deu a corda? Não sabemos!

Nos custa entender que a vida é esse papel em branco, onde podemos escrever, “apagar” (até certa medida), reescrever, torná-la tela para pintura de uma pluralidade nossa. A vida não tem sentido por si só, não caminha sozinha. A vida não cria sem autor, não sente sem o ser que a sente (ou ressente).

Ao acessarem essa coluna, sintam-se convidados para o mergulho em si na busca do entendimento das próprias causas, dos próprios limites, abraçando a saúde mental numa compreensão bem mais ampla que a ausência de transtornos mentais.

Thiago Macedo é médico psiquiatra e escritor

As opiniões não refletem o posicionamento do Grupo Cidade de Comunicação.

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