O último mês do ano é marcado pelo Dezembro Vermelho, campanha de conscientização sobre o estigma e discussão de estratégias de controle e redução da transmissão do HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O mês foi escolhido pelo Ministério da Saúde em virtude do Dia Mundial contra a AIDS, que se comemora em 1º de dezembro.
Em todo o país, são efetuadas ações, mobilizações e atividades educativas com o objetivo de democratizar informação, um método muito efetivo que ajuda a desmistificar alguns conceitos negativos em relação à temática. Além disso, são abordadas também medidas de prevenção e os serviços de saúde.
Já se passaram quase 40 anos desde o início da epidemia. De lá para cá, tivemos muitas transformações e avanços. O Brasil, inclusive, tem um programa de referência mundial. Além dos serviços de testagem e assistência, o programa também oferece tratamento de forma gratuita através do SUS, resultando na melhoria da qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV.
Apesar dos progressos, um dos grandes desafios ainda é a discriminação e o preconceito. Durante os primeiros anos foram elaboradas diversas teorias, fantasias e crenças que contribuíram para a estigmatização de pessoas, grupos e comportamentos. Essa discussão ultrapassava a esfera da saúde e tinha impactos sociais, onde foi estabelecido um cenário de pânico moral que tem seus reflexos até os dias atuais.
É importante entender que não é só em dezembro que devemos abordar a temática do HIV/AIDS e das outras ISTs, e muito menos deixar que essa questão seja tratada apenas pela área da saúde ou por pessoas que vivem com HIV.
Precisamos falar sobre isso sempre que possível! A melhor forma de combater essas concepções negativas baseadas no preconceito e as atitudes de discriminação, é se informando sobre o tema. Devemos compreender também os indivíduos e seus marcadores sociais e de que forma essas desigualdades se tornam um empecilho para a prevenção, tratamento e cuidado em relação ao HIV.
Por fim, indico o documentário “Carta Para Além dos Muros”, que traz um pouco da história do vírus no Brasil, reunindo depoimentos de ativistas, especialistas e pessoas que vivem com HIV. Cada um deve fazer a sua parte, uma vez que a informação e a empatia atuam como questões fundamentais para tratar a temática diante do medo e do preconceito.
Rômulo Rocha
Pesquisador, ativista e graduando em Ciências Sociais na Universidade Federal do Ceará (UFC)
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