A vacina chegou, Ceará! Nossa chance de estancar mortes pela Covid-19
Nunca cogitei passar por uma pandemia como aquelas que a gente só vê nos filmes, tampouco cobrir como jornalista. Depois de um ano tão desolador, a chegada de um primeiro lote de vacinas contra um vírus responsável pela morte de mais de 10.240 pessoas somente no Ceará, é um bálsamo para todos. Acompanhar as primeiras aplicações, embora sem expectativa para que a maioria dos cearenses seja imunizada a curto prazo, condiciona a esperança, algo que até poucos meses atrás era difícil manter.
Foram algumas horas de espera para ver a tão falada vacina de perto. No pátio do Hospital Estadual Leonardo da Vinci, ela foi recebida com as honras de uma autoridade.
Vi a Maria Silvana Souza Reis (51) ser a primeira a receber a Coronavac em solo cearense. Técnica de enfermagem que atua na linha de frente da pandemia, mulher simples, negra, não acreditou, em sua humildade, que o serviço que presta à sociedade no Hospital Estadual Leonardo da Vinci a qualificava para ser a pioneira, entrar para a história. Emocionada, me disse após receber a primeira dose que sua fé na ciência foi questionada várias vezes, mas que isso nunca a desanimou.
O sentimento de emoção que aflorou notoriamente em Maria é o mesmo dos outros funcionários que, nos janelões dos sete andares do hospital aplaudiam a aplicação com um entusiasmo que reverberou em toda a imprensa e autoridades presentes. Sentimento de quem acredita no trabalho de cientistas e celebra a possibilidade de estancar, de vez, a tabela de vidas perdidas para a doença.
Além da Maria, outras cinco pessoas foram vacinadas, quatro delas também são profissionais que atuam no primeiro hospital adquirido pelo Governo do Ceará para receber pacientes diagnosticados com coronavírus. A última pessoa do grupo a ser vacinada na solenidade foi anunciada à imprensa minutos antes do evento. O Dourado Tapeba (59), liderança da tradicional comunidade indígena em Caucaia, agradeceu à comunidade científica, durante a entrevista ao GCMAIS.
Talvez você leitor, assim como eu, tenha perdido um parente ou alguma pessoa próxima para o coronavírus. E sem direito à despedida, o que torna a separação ainda mais dolorosa, sempre que é lembrada. Ver a Maria ser vacinada, chorando, é lembrar de tantos outros que não tiveram essa possibilidade, inclusive meu familiar. Ver o Dourado Tabepa vibrando com a participação no momento histórico, é lembrar daqueles que não poderão vibrar.
A gripezinha ou resfriadinho, como já foi denominada, tirou o sono de muitos cientistas em todo o mundo em busca de uma resposta para neutralizar a doença. Negligenciar a imunização após ler em seu “Face” ou nas correntes de WhatsApp sobre teorias misteriosas da conspiração, é desrespeitar o trabalho desses profissionais e dos milhares de mortos em quase um ano de pandemia. Defenda a vacina. Defenda a ciência!
Lucas Memória
Jornalista
Licenciando em Ciências Sociais (UFC)
As opiniões não refletem o posicionamento do Grupo Cidade de Comunicação.
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