Podemos afirmar que, atualmente, impera nas redes sociais um regime da imagem centrado no indivíduo. Isso implica dizer que o uso das redes sociais no nosso cotidiano é expressão de um investimento da libido do sujeito direcionado para sua própria subjetividade.
O modo como a maioria das pessoas se textualiza nessas mídias advém de um modelo de positividade e sucesso que é naturalizado nas fotos como estando ao alcance de todos. Seu dia a dia é publicado nas redes, na maioria das vezes, como fazendo parte de uma rotina intensa e repleta de atividades que começam ou terminam com o famoso selfie na academia de ginástica acompanhado da expressão: PAGO! Nas imagens, as pessoas aparecem sorrindo, algumas fazendo expressão de força ou comunicando a ideia de que se encontram felizes e realizadas.
O projeto de eu que as mídias promovem e disseminam está centrado em um regime da imagem pautado na hipervisibilidade do eu que se narra por meio de imagens rapidamente descartáveis. Essa exposição constante de imagens de si nos perfis dos usuários participa na construção de um diário éxtimo de si, onde participam textos, imagens e lugares que exprimem um determinado estilo de vida.
Consumimos muitas vezes essas imagens pelos valores sociais que elas encarnam que, diga-se de passagem, são valores, na grande maioria das vezes, associados a um excesso de positividade. O que parece se perder em todo esse processo de assimilação é o exercício de criatividade dos indivíduos na criação de modos de vida para além dos que aparecem prontos para serem consumidos nessas plataformas digitais.
Como as informações já vêm prontas, nossa imaginação é terceirizada em função dos perfis que passamos a seguir, onde seus usuários atuam como influenciadores na produção de formas de vida próprias do nosso tempo.
Mário Fellipe Fernandes Vieira Vasconcelos
Mestre e doutorando em Sociologia
Psicanalista em formação
As opiniões não refletem o posicionamento do Grupo Cidade de Comunicação.
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