Ter o poder de escolher não ir ao escritório em uma manhã chuvosa, não enfrentar um trânsito caótico ou ainda evitar a correria de um longo dia de trabalho, até pouco tempo atrás, parecia um sonho de qualquer funcionário. Entretanto, com a pandemia do covid-19, as pessoas e, sobretudo as empresas, viram-se obrigadas a adotar novos modelos de trabalho. A dinâmica que tende a perdurar mesmo após a pandemia é: o home office. De acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 80% dos gestores das empresas brasileiras aprovam esse modelo de trabalho.
Ser flexível e adaptável ao mercado sempre foi exigido pelos recrutadores, agora, é indispensável. Gigantes da tecnologia, como a Google e o Twitter, já anunciaram que o trabalho presencial será opcional. O conceito de nômade digital, por exemplo, existe antes mesmo dessas novas reformulações de trabalho e são aqueles que aproveitam a tecnologia para colocar suas atividades profissionais em prática. Ou seja, usam seus celulares, laptops e tablets para trabalhar de qualquer lugar, desde que estejam conectadas à internet, e não necessariamente ligados à uma empresa. Até então considerados sortudos, aqueles que tinham um “escritório na praia” enchia os olhos daqueles presos em escritórios e rotinas laborais. Ora, pense você, realizar suas atividades em qualquer lugar do mundo e ainda ser remunerado.
Eu pude entender na prática o conceito de nômade digital e preciso confessar que foi uma grande realização na minha vida. Trabalho com consultoria para empresas há muito anos, mas como uma espécie de teste de produtividade, resolvi em 2019 ir para uma viagem de três meses à Europa, tendo como base o condado de Cork, na Irlanda, e tive a clareza de que um negócio digital poderia ampliar ainda mais as possibilidades e ir além das fronteiras geográficas. Então, pensei em criar uma nova maneira de entregar serviços de consultoria e treinamentos, que estariam disponíveis 24h por dia para os clientes, na internet e eu não precisaria estar presente. Além de nômade, sempre disponível para quem precisasse de mim. Na prática, eu só precisaria de um espaço confortável e uma boa conexão com a internet. De um quarto de hotel ou de um café, eu com o meu laptop estava oferecendo serviços.
A pandemia trouxe muitas incertezas e perdas insuperáveis. Apesar disso, ainda nos enche de esperanças para um futuro melhor e com relações de trabalho mais flexíveis. O bem-estar do indivíduo valorizado e repleto de possibilidades, com um profissional com poder de escolha de como e onde trabalhar. Além disso, uma experiência nova de autogestão e de relacionamento com seus resultados. O escritório na praia, assim, tem mais chances de se tornar realidade do que nunca.