Em um país onde a população enfrenta diversas barreiras para ter acesso à saúde de qualidade, não é à toa que a perigosa prática da automedicação é tão popular. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), 77% dos brasileiros são adeptos deste hábito, sendo que 47% afirmam se automedicar pelo menos uma vez por mês e 25% todos os dias ou uma vez por semana.
A preocupação a respeito das consequências dessa prática aumentou bastante em tempos de Covid-19. No enfrentamento de uma pandemia sem precedentes, alguns medicamentos tiveram alta procura, mesmo sem a devida orientação médica. Neste cenário, o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamento traz um alerta sobre os riscos advindos da automedicação, que vão desde efeitos adversos aos esperados até mesmo a intoxicação medicamentosa.
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De acordo com o clínico geral do Sistema Hapvida, Maurício Cavalcante, a automedicação é um sério risco à saúde, podendo agravar problemas preexistentes: “por exemplo, o uso de corticóides pode aumentar a pressão de alguém hipertenso, aumentar a glicemia de um diabético; anti-inflamatórios podem causar dor e lesões na mucosa gástrica, sangramentos de úlceras, insuficiência renal em alguém com predisposição à doenças renais; um sedativo pode causar diminuição da frequência cardíaca do feto de uma gestante, podendo levar à morte; o uso de um simples AS pode promover sangramentos em um paciente com alguma coagulopatia, por exemplo, entre outros riscos relacionados à automedicação”.
Além desses riscos, tomar remédios por conta própria também pode dificultar o processo de diagnóstico de uma doença, inclusive da Covid-19, fazendo com que o paciente demore mais a iniciar o tratamento adequado para sua necessidade e aumentando as chances de causar intoxicação. “Entre os sintomas da intoxicação medicamentosa podemos citar cefaléia, náuseas, vômitos, torpor, labirintopatias e, em casos mais graves, sangramentos e hemorragias, podendo levar até à morte”, explica o especialista.
O médico também afirma que não há nenhum medicamento de uso seguro sem recomendação de um especialista, uma vez que qualquer remédio pode surtir efeitos indesejados imprevisíveis se administrados sem o conhecimento correto do problema. Por isso, Maurício alerta: “a forma segura de usar medicação é sempre por meio de orientação médica, assim, o paciente vai ter uma informação técnica acerca do seu diagnóstico, de que droga deve usar, que dosagem deve tomar, quais horários repetir a dose, quais os cuidados necessários para o armazenamento adequado do remédio, entre outras informações”.
Sendo assim, em casos de mal-estar ou de reações adversas a medicamentos, é imprescindível buscar ajuda especializada, seja diretamente com um médico ou farmacêutico ou da equipe de saúde mais próxima.
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