Dos 67 anos de vida, Paulo Xavier dedicou 33 como gari. Já trabalhou em vários locais de Fortaleza, mas é no bairro da Serrinha, onde nasceu e se criou, que ele tem mais prazer em contribuir. Infelizmente, ele avalia que a consciência da população ainda precisa evoluir para evitar o descarte irregular dos resíduos. “A consciência é do pessoal. Eu faço a limpeza. Depois do outro está do mesmo jeito. Aí não posso fazer nada. Não vou brigar com todo mundo”, conta Paulo.

Ações do poder público tentam mudar a consciência da população para incentivar o cuidado com a cidade e evitar que pontos de descarte indevido se espalhem pela Capital. As megaoperações de zeladoria, coordenada pela Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger), têm como foco locais estratégicos, através de ações como serviços de varrição, capina e roço, que visam intensificar a limpeza da cidade e proporcionar um ambiente mais agradável aos moradores do local. As ações contam ainda com o apoio de equipes da Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (UrbFor), da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), da Secretaria da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e de agentes de endemias da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

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“Nós começamos a fazer todas as sextas-feiras os mutirões, que são vários serviços oferecidos pela Prefeitura durante o dia. Desde iluminação pública, tapa-buraco, capinação, educação ambiental, educação no trânsito e várias ações, envolvendo outros órgãos da Prefeitura de Fortaleza. Então, achamos por bem, por orientação do prefeito Sarto, lançamos uma mega operação de limpeza. É quando reunimos todos os nossos garis para fazer um serviço de limpeza em uma via da cidade de Fortaleza. E isso é feito uma vez por mês”, ressalta Ferruccio Feitosa, titular da Seger.

Em outro ponto de Fortaleza, a esquina da Rua Pato Branco com a Av. Coronel Fabriciano ganhou uma cara nova. Diferente do que os moradores costumavam conhecer.

Repensar atitudes e ressignificar lugares fazem parte do processo de transformação para um mundo melhor. Um dos exemplos pode ser visto no bairro Granja Lisboa, onde um espaço onde costumava existir uma rampa de lixo foi transformado em jardim. Recentemente, o local passou por uma limpeza e se transformou em um local que os próprios moradores cuidam.

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A dona de casa Eleneuda Barroso é uma das moradoras que adotou o jardim. Ela tem orgulho de ter contribuído para a transformação do local e de ter trazido uma muda de jasmin. Agora ela sente que esse pedacinho do bairro também lhe pertence. “Gostaria que também outras pessoas também olhassem com carinho para as ruas, que cuidassem, que tivessem mais amor, que tivessem mais consciência, para que não gerarem novos problemas. E para que tenhamos um 2024 mais limpinho”,  testemunha Eleneuda.

Se o caminho do resíduo é o descarte, é possível reverter esse processo. A logística reversa vem ganhando espaço em empresas que têm preocupação com o meio ambiente. Coordenador de logística de uma fábrica de embalagens de Fortaleza, Caio Arruda explica que, na empresa, todo material novo produzido vem do papelão antigo que foi descartado.

“Aqui a gente trabalha com a logística reversa, que é quando entregamos o nosso produto e esse mesmo produto a gente consegue recolher para fazer o processo novamente, tirar e não ir para nos luxos. Nossa pegada é essa, a sustentabilidade”, detalha o coordenador.

Quando o material chega, passa por uma triagem, para que apenas o papelão seja aproveitado. O que sobra é encaminhado para outras empresas de reciclagem. O papelão é então colocado nessa prensa, que tem capacidade de produzir mais de 150 toneladas por dia.

A empresa tem parceria com associações de catadores. Cerca de duas mil famílias são impactadas economicamente com o trabalho de captação de materiais. Aliar ações sociais e ambientais refletem em resultados positivos em que todos saem ganhando.”A gente dá atenção ao catador. A gente tenta comprar a maior parte do processo direto com os catadores, para tirar um pouco a figura do chamado atravessador. Assim, a gente pode pagar um preço melhor ao catador, valorizar mais essa categoria, para gente poder fazer também o nosso papel”, destaca Arruda.

Programa Mais Fortaleza

As megaoperações de zeladoria da Prefeitura de Fortaleza ocorrem complementarmente ao Programa Mais Fortaleza, lançado em agosto deste ano pelo prefeito José Sarto. A iniciativa prevê investimentos na política pública de manejo de resíduos sólidos com foco na instalação de novos equipamentos e em projetos para incentivar o comportamento sustentável da população quanto ao descarte do lixo, educação ambiental e coleta seletiva de materiais recicláveis.

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