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Relembre como foram construídas as bases para as eleições de 2018

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24 de maio de 2021
Carla Michele

As eleições presidenciais de 2018 começaram alguns anos antes, com a repercussão das denúncias de corrupção apresentadas pela Operação Lava Jato. A partir de 2013, cresceu o sentimento popular de insatisfação com um modelo negativamente nivelador de todos os partidos do espectro político.

Relembre como foram construídas as bases para as eleições de 2018

Em 2014, quando essa operação entrou em uma fase ostensiva, com o cumprimento de diversos mandados de busca a apreensão, além de prisões, as provas indicavam a existência de um amplo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras e em grandes obras de infraestrutura.

A despeito dos depoimentos de Sérgio Machado e de Emílio Odebrecht, acerca do modo de financiamento de campanhas eleitorais no Brasil há décadas, e de como recursos da Petrobras alimentaram o enriquecimento ilícito de quadros políticos e empresariais, a pecha da corrupção pesou, sobremaneira, no Partido dos Trabalhadores (PT) e em seus principais expoentes. 

Coroamento da operação

Como uma espécie de coroamento da operação, após a prisão de políticos e empresários influentes, em julho de 2017, Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ao recorrer, teve sua pena aumentada para 12 anos e 1 mês pela 8a Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

A sua prisão foi decretada em abril de 2018. Até então, o ex-presidente era pré-candidato à Presidência da República e liderava as pesquisas de intenção de voto. Essa candidatura foi mantida até 1o de setembro de 2018, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), utilizando-se da Lei Complementar n. 135/2010 (a chamada Lei da Ficha Limpa), vetou o pedido de voto e exigiu a substituição do candidato. 

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A fragmentação partidária e crise econômica

Diante de tamanho desgaste da classe, as forças políticas, longe de tentarem reverter a situação, propondo uma refundação de suas bases, e alheias ao descontentamento do povo, realizaram cálculos eleitorais equivocados. Disso resultou uma das marcas do pleito de 2018: a fragmentação partidária. 

Outro aspecto que deve ser considerado na análise do delineamento desse cenário eleitoral, anterior às eleições, diz respeito à crise econômica que se abateu sobre o País ainda no primeiro governo de Dilma Rousseff. De modo geral, a avaliação de um Presidente da República está diretamente relacionada à condução da economia. Via de regra: 

  1. A população economicamente ativa deve encontrar emprego; 
  2. A renda do cidadão deve ser suficiente para garantir a aquisição de bens e serviços; 
  3. Tanto o trabalhador como a classe empresarial devem sentir-se contemplados pelas decisões políticas de um governo. 

Durante os governos de Lula, o aumento real do salário mínimo, aliado a políticas de distribuição de crédito, garantiu, em larga medida, essa satisfação social. O quadro começou a mudar rapidamente ainda no primeiro governo de Dilma, que teve que enfrentar crises externas e uma dificuldade, já clara nesse momento, de estabelecer um diálogo com o parlamento que permitisse a adoção de medidas enérgicas para frear aquilo que já não podia ser chamado de “marolinha”. 

O uso acentuado de mídias sociais

Por meio da utilização de ferramentas que se tornaram mais populares entre 2009 e 2010, forças políticas encontraram mecanismos de publicização de suas ideias. O uso acentuado de mídias sociais garantiu, por exemplo, que o então pretenso candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, com uma fala simples, acessível aos públicos diversos, consolidasse a imagem de “antissistema”, “anticorrupção”, incansável combatente daquilo que ficou estabelecido como a origem dos males da sociedade brasileira: o PT (e o “petismo”).

Uma vez definido claramente o inimigo, começou a ser disseminado o discurso eleitoral vitorioso em 2018. Finalmente, além do desgaste partidário e da crise econômica, o recrudescimento de posições conservadoras somou-se na consolidação do projeto político em curso no Brasil.

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