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Relembre como foram construídas as bases para as eleições de 2018

As eleições presidenciais de 2018 começaram alguns anos antes, com a repercussão das denúncias de corrupção apresentadas pela Operação Lava Jato. A partir de 2013, cresceu o sentimento popular de insatisfação com um modelo negativamente nivelador de todos os partidos do espectro político.

Em 2014, quando essa operação entrou em uma fase ostensiva, com o cumprimento de diversos mandados de busca a apreensão, além de prisões, as provas indicavam a existência de um amplo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras e em grandes obras de infraestrutura.

A despeito dos depoimentos de Sérgio Machado e de Emílio Odebrecht, acerca do modo de financiamento de campanhas eleitorais no Brasil há décadas, e de como recursos da Petrobras alimentaram o enriquecimento ilícito de quadros políticos e empresariais, a pecha da corrupção pesou, sobremaneira, no Partido dos Trabalhadores (PT) e em seus principais expoentes. 

Coroamento da operação

Como uma espécie de coroamento da operação, após a prisão de políticos e empresários influentes, em julho de 2017, Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ao recorrer, teve sua pena aumentada para 12 anos e 1 mês pela 8a Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

A sua prisão foi decretada em abril de 2018. Até então, o ex-presidente era pré-candidato à Presidência da República e liderava as pesquisas de intenção de voto. Essa candidatura foi mantida até 1o de setembro de 2018, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), utilizando-se da Lei Complementar n. 135/2010 (a chamada Lei da Ficha Limpa), vetou o pedido de voto e exigiu a substituição do candidato. 

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A fragmentação partidária e crise econômica

Diante de tamanho desgaste da classe, as forças políticas, longe de tentarem reverter a situação, propondo uma refundação de suas bases, e alheias ao descontentamento do povo, realizaram cálculos eleitorais equivocados. Disso resultou uma das marcas do pleito de 2018: a fragmentação partidária. 

Outro aspecto que deve ser considerado na análise do delineamento desse cenário eleitoral, anterior às eleições, diz respeito à crise econômica que se abateu sobre o País ainda no primeiro governo de Dilma Rousseff. De modo geral, a avaliação de um Presidente da República está diretamente relacionada à condução da economia. Via de regra: 

  1. A população economicamente ativa deve encontrar emprego; 
  2. A renda do cidadão deve ser suficiente para garantir a aquisição de bens e serviços; 
  3. Tanto o trabalhador como a classe empresarial devem sentir-se contemplados pelas decisões políticas de um governo. 

Durante os governos de Lula, o aumento real do salário mínimo, aliado a políticas de distribuição de crédito, garantiu, em larga medida, essa satisfação social. O quadro começou a mudar rapidamente ainda no primeiro governo de Dilma, que teve que enfrentar crises externas e uma dificuldade, já clara nesse momento, de estabelecer um diálogo com o parlamento que permitisse a adoção de medidas enérgicas para frear aquilo que já não podia ser chamado de “marolinha”. 

O uso acentuado de mídias sociais

Por meio da utilização de ferramentas que se tornaram mais populares entre 2009 e 2010, forças políticas encontraram mecanismos de publicização de suas ideias. O uso acentuado de mídias sociais garantiu, por exemplo, que o então pretenso candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, com uma fala simples, acessível aos públicos diversos, consolidasse a imagem de “antissistema”, “anticorrupção”, incansável combatente daquilo que ficou estabelecido como a origem dos males da sociedade brasileira: o PT (e o “petismo”).

Uma vez definido claramente o inimigo, começou a ser disseminado o discurso eleitoral vitorioso em 2018. Finalmente, além do desgaste partidário e da crise econômica, o recrudescimento de posições conservadoras somou-se na consolidação do projeto político em curso no Brasil.

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