Democracia é o melhor regime de Governo
Entre os dias 13 e 15 de setembro, o instituto DataFolha entrevistou 3.667 pessoas em 190 cidades do País. De acordo com os resultados da pesquisa, 70% dos entrevistados apoiam a Democracia. Os resultados divulgados pelo Instituto DataFolha animam os entusiastas do regime, mas precisam ser analisados com atenção.
Análise dos resultados
Os dados precisam de um tratamento cuidadoso porque muitos entrevistados respondem a partir do que foi estabelecido como o “politicamente correto”. Assim como os brasileiros acreditam na existência do racismo no Brasil, mas poucos se assumem racistas, em relação à democracia, brasileiros admitem a existência de “antidemocratas”, mas não se reconhecem como tal porque a democracia tornou-se um “valor universal”.
Além das respostas “politicamente corretas”, muitos brasileiros, declaradamente favoráveis ao Regime, defendem pautas antidemocráticas, como o rompimento da ordem e a intervenção em instituições imprescindíveis para o funcionamento da democracia. Ou seja, cada um interpreta ao seu modo o que seja a democracia, e o “self service democrático” permite, por exemplo, a defesa da democracia com o funcionamento de apenas um dos poderes da República, sem o sistema de freios e contrapesos para o controle mútuo.
Como complemento, a defesa da democracia feita por muitos brasileiros não compreende o pluralismo de opiniões, o debate de ideias, o respeito à diversidade, ou seja, o self service permitiu que cada individuo personalizasse o regime democrático de acordo com as suas preferências.
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O debate sobre os déficits da democracia
A curiosidade em conhecer esse dado pode estar relacionada aos movimentos de 7 de setembro e as reiteradas manifestações de grupos organizados contra a democracia. Mas o debate acerca das limitações do regime democrático não é exclusivo da sociedade ou do momento histórico no qual estamos inseridos.
Sobretudo com a consolidação do modelo representativo, autores, como Rousseau (XVIII), alertaram sobre a incompatibilidade entre a soberania popular e a alienação do poder.
De Rousseau aos tempos atuais, as possibilidades de participação política foram alargadas e mais pessoas foram incorporadas ao processo de escolha de representantes, mas, paradoxalmente, os déficits de representação foram se acumulando ao longo dos séculos e causando um desencantamento de parte da sociedade em relação a esse formato, no qual o povo exerce o seu poder, mormente, através de representantes.
Na realidade brasileira, o desencantamento pode ser verificado com o surgimento dos novos Movimentos Sociais ou com os percentuais de votos brancos, nulos e também das abstenções nos pleitos, por exemplo. Os sucessivos escândalos de corrupção e de prevaricação, o distanciamento entre as necessidades do povo e a ação dos representantes, contribuem, no caso brasileiro, para fortalecer o desencantamento com o regime democrático.
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Democracia é o melhor regime de Governo
Finalmente, o elenco de possíveis causas das deficiências do modelo representativo não se esgota aqui. Mas a esperança na construção de um modelo que satisfaça melhor as expectativas populares também não pode se esgotar. Afinal, se a conquista da democracia exigiu a luta, o relacionamento exige o cuidado, a correção de erros. E muitos são os debates acerca do aprofundamento da Democracia, com instrumentos de participação direta, como plebiscitos, referendos, leis de iniciativa popular.
Como complemento, não menos importante, as novas tecnologias de comunicação podem ser instrumentos importantes para fornecer informações sobre o campo da representatividade e também para uma maior participação popular nas instâncias de poder. Ou seja, com mais democracia são construídas as alternativas para tudo o que falta no regime que melhor traduziu a necessidade de incorporação da soberania popular.
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