A morte de Osimar Almeida de Araújo (34), uma das mais recente entre motoristas de aplicativo, expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade dos profissionais da categoria. Entre janeiro e setembro, no Ceará, 15 homicídios envolvendo condutores foram registrados no Ceará. Os trabalhadores reconhecem o problema e questionam a ausência de políticas de segurança para garantir a integridade do grupo.

“A gente não sabe quem entra nesses veículos que a gente transporta. Pode acontecer de entrar um passageiro que já está marcado para morrer. Chega no local e o motorista morre junto. Os aplicativos também não colaboram em dar as informações para o motorista sobre áreas de risco, por exemplo”, comenta Júnior Costa, condutor. “[Suspeitos] colocam a gente no porta-malas mesmo. Não ligam se é trabalhador, se é pai de família. A gente sabe de casa e não sabe se volta. Enquanto não tiver segurança e o aplicativo não der suporte para a gente, sempre vai acontecer”, completa Elisiano Sousa.

Após a morte de Alexandre Fernandes, em agosto, a categoria se mobilizou e participou de reuniões com o então secretário de Segurança do Ceará, André Costa. “Só conseguiremos dar uma solução a esse problema com um modelo de resposta correto e ágil, não chegando só depois que tudo acontece, mas chegado até mesmo antes que o problema venha ocorrer com os motoristas, se houver essa integração. Vamos trabalhar essa integração no prazo mais curto possível”, prometeu. Segundo representantes da Associação de Motoristas de Aplicativos do Ceará (AMAP-CE), com a troca de comando na pasta, ainda não foi possível articular encontro com o novo secretário, Sandro Caron, para discutir as pautas.

Após a morte de Alexandre, em agosto, outros dois casos semelhantes foram registrados na Grande Fortaleza. Dois deles, em menos de um dia, em 22 de setembro, entre a tarde e à noite. O primeiro caso resultou na morte de Osimar, que fez uma pausa no trabalho para lanchar, no bairro Conjunto Ceará. O segundo registro aconteceu em Maracanaú, no bairro Jardim Bandeirantes. O condutor retornava com um casal quando o carro foi abordado. Ele conseguiu fugir, mas os passageiros foram executados.

O QUE DIZEM OS APLICATIVOS?

A InDriver afirma que a empresa coloca a segurança de passageiros e motoristas em primeiro lugar. “Na inDriver, condenamos qualquer tipo de violência. Reiteramos ainda nosso compromisso de colaborar com as autoridades, e dar suporte à família. O inDriver busca cotidianamente os melhores e mais modernos formatos de segurança para seus usuários, sejam motoristas ou passageiros”.

A Uber, por sua vez, afirma que segurança é prioridade para empresa. Em razão disso, sempre busca aprimorar sua tecnologia para fazer da plataforma a mais segura possível.