Pesquisa inédita realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto a 1.600 médicos cadastrados nos conselhos regionais (CRMs), entre setembro e dezembro de 2020, revelou aumento do nível de estresse de profissionais da área de saúde.
Segundo 22,9% dos consultados, o principal impacto sobre os níveis de estresse é a pandemia do novo coronavírus. Os médicos que participaram da sondagem atuam nos setores público (22%), privado (24%) ou em ambos (54%). São homens e mulheres com idade média de 49 anos, dos quais a maior parte atua no Sudeste (53%), Nordeste (21%) e Sul (16%). Outros 6% trabalham em unidades de saúde do Centro-Oeste e 5% no Norte do país.
Para a grande maioria dos médicos (96%), a pandemia afetou sua vida pessoal ou profissional. Lidar com um vírus desconhecido provocou sensação de medo ou pânico em 14,6% dos entrevistados; redução do tempo dedicado às refeições, família e lazer (14,5%); comprometimento de horas de descanso e do nível da qualidade do sono (7,6%).
Leia mais | Ceará é o estado do Nordeste com mais suspeitas de reações adversas a cloroquina e ivermectina
Manifestantes realizam atos em defesa do SUS em Fortaleza
Segundo análise do CFM, esses fatores podem ter consequências no bem-estar desses profissionais, agravando quadros de depressão e, até, levando ao aparecimento da síndrome de burnout – doença psicológica causada pelo excesso de trabalho.
>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
Ao mesmo tempo, 13% dos entrevistados relataram que o novo cenário reforçou seu compromisso com a medicina e com a saúde da população; fortaleceu sua imagem como médico diante da comunidade (6,2%); melhorou sua relação com os pacientes e outros profissionais de saúde (4,7%); e estimulou a aproximação com as entidades médicas (3,7%).
Valorização
A pesquisa serviu de base para a campanha que o CFM lançou como parte das comemorações pelo Dia Mundial da Saúde, comemorado hoje (7), com o objetivo de chamar a atenção dos gestores para a necessidade de reconhecimento e valorização dos médicos do Brasil, especialmente daqueles que atuam na linha de frente da covid-19.
A pesquisa do CFM identificou, por outro lado, que a pandemia do novo coronavírus fortaleceu a confiança estabelecida com os pacientes e familiares para 16% dos consultados, e tornou os pacientes mais receptivos às recomendações médicas (12,6%). Cerca de 13,7% dos respondentes afirmaram que o estresse gerado pela pandemia no paciente tornou tenso seu comportamento nas consultas.
Para 11,8% dos médicos que atuam na maior parte do tempo na rede privada, a pandemia causou a perda de vínculos de trabalho para parte dos profissionais. No setor público, esse percentual é de 10,4%. A necessidade de fechar consultórios ou demitir funcionários por conta do impacto da covid no dia a dia de trabalho foi relatada por 14,2% dos entrevistados do setor privado e 10% dos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS).
>>>Acompanhe a TV Cidade Fortaleza no YouTube<<<
Outros 11,4% dos entrevistados da rede privada e 15,2% da rede pública acreditam que a pandemia abriu novas oportunidades de trabalho. Somente 3% declararam não ter observado qualquer impacto e 1% se mostrou indiferente a mudanças em seus locais de trabalho ou não soube avaliar.
Desafios
Cerca de 88% dos médicos ouvidos pela pesquisa afirmaram acreditar no aparecimento de novas epidemias nos próximos anos.Para enfrentar esses desafios, 15% deles defenderam a valorização dos médicos e outros profissionais da saúde, com a criação de carreiras específicas; outros 15% acreditam na priorização de pesquisas científicas e desenvolvimento de tecnologias e produção de insumos estratégicos.