Os motoristas votaram pela suspensão da greve que iniciou nessa terça-feira (8)
Motoristas de ônibus suspendem greve em Fortaleza
Os motoristas de ônibus de Fortaleza votaram em duas assembleias realizadas, nesta quarta-feira (9), pela suspensão da greve, que iniciou nessa terça-feira (8). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro), os trabalhadores vão aguardar uma apresentação de proposta do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), que atenda às reinvindicações da categoria.
Segundo ainda o Sintro, outra assembleia já está marcada para a próxima quarta-feira (16), caso seja necessária.
As reinvindicações dos trabalhadores são: reajustes salariais de 2020 e 2021, reajuste da cesta básica, retorno à operadora anterior de plano de saúde, vacinação prioritária contra Covid-19 e fim da dupla função (dirigir e passar o troco).
Por outro lado, os representantes dos empresários afirmam que a pandemia trouxe prejuízos para a economia das empresas, dificultando os reajustes.
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Paralisação no terminal do siqueira
Na manhã dessa terça-feira (8), a circulação dos transportes coletivos no terminal do Siqueira foi paralisada, dando início à greve dos motoristas de ônibus em Fortaleza. A mobilização gerou transtornos para as pessoas que precisaram passar pelo terminal, além de aglomerações no local.
A paralisação aconteceu por volta das 7 horas. Segundo a apuração da TV Cidade Fortaleza, que esteve no local durante a manhã, o serviço foi retomado por volta das 8 horas, mas a quantidade de pessoas no terminal do Siqueira ainda era grande, já que a frota não está funcionando integralmente.
Greve de ônibus em Fortaleza e a decisão do TRT/CE
Em uma decisão publicada no início da noite da segunda-feira (7), o Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT/CE), decidiu que os motoristas e cobradores de ônibus de Fortaleza devem garantir a circulação de pelo menos 70% da frota de veículos durante o período de greve. A decisão foi tomada pelo desembargador Paulo Régis Machado Botelho e estipula multa diária de R$ 30 mil em caso de descumprimento.
A decisão determina ainda que o Sintro “se abstenha de realizar qualquer bloqueio aos terminais rodoviários, garagens, praças e locais de paradas dos veículos de transporte público, de impedir o acesso dos empregados das empresas representadas pelo requerente que queiram trabalhar ao local de trabalho ou promover a interdição de vias públicas”. A determinação atende, em parte, aos pedidos formulados pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus/CE).
Greve de ônibus em Fortaleza: o que pedem os motoristas
Em uma carta aberta publicada pelo setor, os trabalhadores afirmam que optaram pela greve “visto que se esgotaram todas as tentativas de negociações com os empresários”. Segundo o documento, os motoristas de ônibus sofreram uma perda salarial nos últimos dois anos e, por isso, reivindicam os reajustes. “Nossas famílias, assim como a de vocês, não compram a mesma quantidade de comida que antes. Tudo subiu e nossos salários ficaram para trás”, diz a carta aberta.
Os motoristas também pedem por prioridade na vacinação contra a covid-19. “Vocês são testemunhas de que os rodoviários não tiveram direito ao isolamento social. Considerado setor essencial, o transporte público virou um celeiro de contaminação da covid-19. […] Já temos mais de 20 colegas mortos e não recebemos a vacina, apesar das várias paralisações e protestos que realizamos. Nossa vida só tem valor para as nossas famílias”, diz o comunicado para a população.
Confira as demandas dos trabalhadores:
- Reajustes salariais de 2020 e 2021
- Reajuste a cesta básica
- Retorno à operadora anterior de plano de saúde
- Vacinação contra covid-19
- Fim da dupla função (dirigir e passar o troco)
O que dizem as empresas de ônibus?
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) informou que considera legítimas as demandas dos motoristas de ônibus, mas a pandemia de covid-19 causou fortes impactos na economia das empresas.
“As medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19 tiveram enorme impacto nos sistemas de transporte coletivo urbano e metropolitano. A redução drástica no número de passageiros transportados provocou um grande descompasso entre receita e custo, principalmente porque, ao longo de toda a pandemia, a redução da oferta não ocorreu na mesma proporção”, diz a nota.
Segundo o Sindiônibus, o aporte financeiro que o Governo do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza vão destinar às empresas é uma ajuda, mas ainda não é capaz de suportar os prejuízos do setor. “O recente anúncio do aporte de recursos extratarifários por parte da Prefeitura Municipal de Fortaleza e do Governo do Estado do Ceará trouxe grande alívio ao setor, mas será insuficiente para garantir o equilíbrio financeiro nas empresas operadoras”, diz o texto.
As empresas reconhecem que os motoristas de ônibus foram afetados pela crise causada pela pandemia, mas acreditam que este não é o melhor momento para uma greve diante do risco de gerar aglomerações.
“Reconhecemos que os trabalhadores do transporte coletivo, assim como outras categorias profissionais, foram afetados negativamente como consequência da pandemia. Em tempos normais, seus pleitos seriam razoáveis, mas a situação crítica das empresas dificulta sobremaneira o atendimento das reivindicações do sindicato laboral. Neste momento em que continuamos lutando contra um inimigo invisível e precisamos manter o esforço de redução de aglomerações no transporte coletivo, não é razoável falar em greve. Esperamos encontrar uma solução para o impasse, apesar de o Sinte ter interrompido a negociação. Em sendo necessário, buscaremos o Poder Judiciário para evitar transtornos e riscos inaceitáveis aos nossos passageiros e colaboradores”, escreve o Sindiônibus.
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