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Má alimentação e uso indiscriminado de polivitamínicos prejudicam imunidade; alerta especialista

Má alimentação e uso indiscriminado de polivitamínicos prejudicam imunidade; alerta especialista

Foto: Pexels

Com a chegada da temporada de chuvas e o atual aumento do número de casos de Covid-19 e influenza, cresce também a preocupação do cearense com a alimentação e a suplementação de vitaminas para fortalecer a imunidade. Enquanto as frutas e verduras ganham mais espaço na mesa, os polivitamínicos não param nas prateleiras das farmácias. Mas será que essa mudança de hábitos pode realmente evitar doenças gripais?

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A nutricionista do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Ana Marta Ximendes, esclarece verdades e mitos sobre a relação entre a alimentação e o bom funcionamento do organismo.

Uma alimentação mais saudável pode realmente evitar doenças gripais?

Ana Ximendes: Não exatamente. A alimentação saudável e balanceada é essencial para fortalecer o sistema imunológico, que, por sua vez, atua na defesa contra essas doenças. Não necessariamente o corpo vai ficar imune a essas síndromes gripais, mas, quanto mais saudável estiver o organismo, mais força ele vai ter para combatê-las. Isso vale também para outras doenças.

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O que as pessoas precisam entender é que não adianta, de uma hora para outra, mudar a alimentação e esperar que isso faça milagre e evite uma doença mais grave.

Os hábitos saudáveis precisam ser cotidianos, e não apenas nas épocas em que há mais predisposição ao contágio por gripes. E isso inclui, além da alimentação, atividade física regular, sono reparador e hidratação.

O que define uma alimentação balanceada?

A.X.: Uma alimentação balanceada e saudável é aquela que é diversificada, rica em nutrientes oriundos dos diversos grupos de alimentos, nas quantidades ideais para atender às demandas de cada indivíduo. Em termos práticos, é procurar se alimentar de alimentos mais naturais possíveis e evitar os processados.

Você poderia citar alguns exemplos de alimentos que devem ser consumidos rotineiramente para melhorar o sistema imunológico?

A.X.: Primeiro, é preciso entender o perfil metabólico de cada pessoa. Para isso, é importante que a pessoa passe por um acompanhamento individual com um nutricionista. Mas alguns alimentos são básicos, como as frutas cítricas (laranja, limão, acerola, goiaba), ricas em vitamina C; o abacate e as castanhas, ricos em vitamina E; o jerimum e as frutas amarelas e vermelhas (mamão, melão e tomate), ricas em vitamina A; as carnes, os ovos e as sementes, ricos em zinco; os peixes e as oleaginosas (nozes, castanhas e amêndoas), ricos em ômega 3.

A vitamina D já merece um destaque além da alimentação. Ela pode ser encontrada em alimentos como peixes e laticínios, mas, muitas vezes, não em quantidade suficiente para suprir nossas necessidades diárias. Por isso, a importância de tomar sol por pelo menos 20 minutos ao dia, para a induzir a formação dessa vitamina. Por incrível que pareça, existe uma deficiência muito alta dela no Ceará.

Outro fator importantíssimo e que pode botar a perder toda a alimentação é o açúcar, porque ele altera a absorção dos nutrientes. Tem gente que vai comer um abacate, por exemplo, e põe três colheres de açúcar. Isso empobrece consideravelmente a absorção dos nutrientes da fruta. É preciso consumir sem açúcar.

É recomendável usar vitaminas e polivitamínicos para suplementar a alimentação?

A.X.: Apenas com indicação de um profissional e após exames. Os polivitamínicos possuem diversas substâncias que, em excesso, são inflamatórias para o corpo. O ferro, por exemplo, é tóxico se tomado em grandes quantidades. Sem falar que a maioria dessas vitaminas pode ser muito facilmente reposta com alimentos, como é o caso da vitamina A. Sem falar de alguns casos específicos de doenças, que podem ter o tratamento prejudicado por causa do excesso dessas vitaminas e minerais.

O que acontece muito é que pessoas que não fazem atividade física, não se alimentam bem, não dormem bem, não se hidratam bem querem se apoiar nesses polivitamínicos. Não dá. Uma vida saudável se conquista com o conjunto dessas ações de forma positiva.

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Chás e “lambedores” são muito utilizados nesse período. Eles são realmente eficazes para fortalecer a imunidade?

A.X.: Dependendo da composição, são sim. Mas é a mesma situação que mencionei sobre a alimentação. Para que tenham o efeito de fortalecer a imunidade, precisam de um consumo frequente. O alho, por exemplo, é considerado um “antibiótico natural”, porque possui a alicina, uma substância antibacteriana e antifúngica. Alguns chás, como o verde, o eucalipto e a erva doce, possuem uma riqueza enorme de fitoquímicos, que ajudam na imunidade.

É importante também manter a receita o mais natural possível. Evitar sachês e comprar realmente a erva, ferver, abafar, peneirar. E de forma alguma usar açúcar, sempre natural.

Outro ponto de atenção deve ser a mistura dos componentes. As pessoas não podem simplesmente misturar qualquer coisa e achar que é saudável. Algumas receitas podem ser até tóxicas.

Qual seria uma boa composição de chá ou “lambedor”?

A.X.: Bons chás para fortalecer a imunidade são esses que mencionei, chá verde, erva doce e eucalipto. Sempre preparados de forma natural e sem açúcar. Já o “lambedor”, posso compartilhar uma receita que é bem simples, funciona bem e que chamo de “shot antioxidante”.

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