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Censo 2022: saiba o que o IBGE vai perguntar aos brasileiros

O governo vai desembolsar exatamente R$ 2.292.957.087,00 para promover o Censo este ano

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19 de fevereiro de 2022
Portal GCMAIS

O Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma espécie de radiografia da população brasileira e de suas condições sociais. Mas para que esse Raio-X seja o mais próximo possível da realidade é preciso que as ferramentas sejam eficientes. No caso do Censo, trata-se dos questionários de coleta.

Censo 2022: saiba o que o IBGE vai perguntar aos brasileiros
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

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É por meio do questionário que os recenseadores vão levantar os dados que vão compor a nova radiografia da população brasileira. De início, é preciso ressaltar que nem todas as pessoas vão responder ao mesmo questionário. Os recenseadores do IBGE vão levar a campo dois questionários: um básico e outro mais complexo, explica Marcelo Alessandro Nunes, coordenador especial da pesquisa no Distrito Federal.

“O básico é mais simples, tem menos perguntas e é o que vai ser aplicado na maior parte da população. O outro questionário é o que a gente chama de amostra. Esse questionário é um pouco mais completo, ele tem mais informações, mas é aplicado numa porcentagem menor. Essa porcentagem pode variar de local para local, de município para município. Então, você vai ter cidades que, às vezes, a amostra é de 5%. A cada 100 questionários, 95, por exemplo, serão básicos, e cinco serão amostra”, diz.

Em alguns locais, como terras indígenas, o questionário de amostra poderá ser aplicado em todos os domicílios visitados, mas essa é a exceção. A regra é que a maior parte da população responda ao questionário básico. No entanto, não será possível saber de antemão qual tipo de pesquisa o cidadão vai responder. Somente antes da coleta é que o recenseador e o próprio morador terão a resposta, que será indicada por um sorteio do dispositivo de coleta que o agente vai portar.

Questionário básico

O questionário básico vai ajudar a entender quais as características dos mais de 70 milhões de domicílios brasileiros que os agentes do IBGE irão visitar e, também, de seus moradores. Essa pesquisa terá 26 perguntas, divididas em 10 blocos. A expectativa é que o morador leve de cinco a dez minutos para responder a todas as questões, avalia Marcelo. Quanto mais pessoas viverem naquela casa, mais tempo vai levar para finalizar o questionário, e vice-versa.

Em relação ao domicílio, o questionário básico vai levantar se há abastecimento de água, coleta de esgoto e lixo, por exemplo. Isso inclui uma pergunta sobre a existência de banheiro e chuveiro. Sobre os moradores do domicílio, Marcelo diz que será perguntado sobre o número de pessoas que moram no local, os nomes, sexo, datas de nascimento e grau de parentesco entre elas.

No bloco sobre identificação étnico-racial, quem responder o questionário terá liberdade para se definir entre as opções apresentadas pelo recenseador. “Se você olha, por exemplo, uma pessoa que é oriental, tem olhos puxados, mas ela fala que é preta, ok, ela é preta. O recenseador tem que colocar aquilo que a pessoa está informando, qual a percepção dela”, explica Marcelo. Caso a pessoa se identifique como indígena, um novo bloco de perguntas será apresentado, abordando temas como etnia e língua falada.

O morador que vai responder ao questionário também será questionado se há crianças na casa e se elas têm certidão de nascimento, por exemplo. Em relação à educação, o recenseador vai perguntar se os residentes estudam e sabem ler e escrever. O responsável pelo domicílio também será indagado sobre suas condições de trabalho e renda. Há, também, uma questão sobre mortalidade.

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Questionário de amostra

Já o questionário por meio de amostragem seleciona uma parte da população para a pesquisa, de modo que seja possível estimar resultados gerais. Em geral, Marcelo explica que ele vai aprofundar questões que foram tratadas superficialmente no questionário básico. Sobre as características do domicílio, o morador será questionado também se o imóvel é próprio, emprestado ou alugado; se ainda está pagando ou já quitou a residência; se é de alvenaria, palafita ou madeira; quantos cômodos e eletrodomésticos há; e se tem acesso à internet.

Haverá um bloco sobre nupcialidade, ou seja, se o respondente é casado ou não e qual o tipo de união, se civil, religiosa ou consensual. O IBGE também vai querer saber questões relacionadas à fecundidade. Já no bloco sobre religião e culto, além das opções gerais, no caso dos evangélicos será possível detalhar à qual denominação pertencem.

Há questões sobre migração interna, portadores de deficiência, autismo e maior aprofundamento em temas como trabalho, renda, educação e deslocamento. Ao todo, serão 77 perguntas, divididas em 19 blocos. Por ser mais detalhado, o questionário de amostra pode levar de 15 a 25 minutos para ser respondido. Mais uma vez, o tempo de preenchimento vai depender do número de pessoas residentes no imóvel. Marcelo explica que o IBGE se preocupou com alguns pontos específicos para este levantamento.

“O questionário é bem parecido com o de 2010. Com certeza, eu posso dizer que tem a pergunta sobre autismo que não tinha no Censo anterior e tem algumas questões específicas para as comunidades nas áreas quilombolas. Isso não tinha no último Censo. No bloco onde tem perguntas sobre os moradores das terras indígenas, talvez tenham mais perguntas do que no anterior. Para esse Censo, houve uma preocupação muito grande de conseguir retratar melhor a situação dos moradores das terras indígenas e das áreas quilombolas”, afirma.

Por que o Censo do IBGE só acontece de 10 em 10 anos?

Se o Censo do IBGE tem tanta importância, por que só acontece a cada dez anos? Não deveria ser mais frequente? A resposta, segundo especialistas e a Comissão de Estatística da Organização das Nações Unidas (ONU), é não. Países de dimensão continental similar ao Brasil, como Estados Unidos, China e Rússia, também realizam o levantamento de década em década.

Duas justificativas ajudam a explicar essa periodicidade. A primeira é o tamanho e diversidade do território brasileiro, que tem mais de 8,5 milhões de km², o que impõe uma série de dificuldades. “As pessoas acabam não tendo muita noção disso, mas em várias situações o IBGE precisa de barco, avião, helicóptero para chegar em alguns locais, principalmente na Amazônia. É uma operação pesada, que envolve muita gente e uma logística monstruosa”, detalha Marcelo Nunes.

Por ser “operação de guerra”, a realização do Censo envolve não apenas os trabalhadores que são contratados para levantar os dados durante um determinado período, mas, também, o quadro de funcionários fixos do órgão. Toda a logística necessária leva à segunda justificativa: o Censo custa caro aos cofres públicos.

O governo vai desembolsar exatamente R$ 2.292.957.087,00 para promover o Censo do IBGE este ano. A dificuldade orçamentária, inclusive, foi uma das causas, segundo o Executivo, para que o levantamento não fosse feito no ano passado. Prevista inicialmente para 2020, a pesquisa foi adiada por causa da pandemia da Covid-19.

Diante desse desafio, imagine como seria realizar essa operação com mais frequência. Para tentar minimizar a espera de dez anos por dados atualizados tão importantes, o IBGE, todos os anos, faz uma estimativa do tamanho da população. Até porque, em 2010, data em que o último Censo ocorreu, o Brasil tinha 190.732.694 habitantes. Hoje, segundo o órgão, são mais de 214 milhões de pessoas.

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