O vereador de Fortaleza Ronivaldo Maia (PT), investigado por tentativa de feminicídio, retornou à Câmara Municipal nesta quinta-feira (28). Ele fez um discurso na tribuna da Casa e pediu desculpas a todas as mulheres. Na ocasião, o parlamentar afirmou que a acusação de tentativa de feminicídio foi “um erro” que será solucionado pela Justiça.
>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
Veja o discurso de Ronivaldo Maia na íntegra:
Primeiramente eu gostaria de lamentar profundamente toda essa situação e antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas a todas as mulheres!
Estendo e enfatizo o meu pedido de desculpas a cada uma das minhas colegas e meus colegas vereadores; a cada moradora e morador da cidade de Fortaleza; a minha família; e, principalmente, desculpas à Fernanda, a quem sempre tive e ainda tenho muita estima e respeito.
Peço desculpas também ao meu partido, no qual milito há 34 anos. O PT foi o único partido que militei e nele aprendi a importância da organização para a emancipação da classe trabalhadora. Graças a ele fui gestor público, parlamentar e, acima de tudo, militante socialista.
Diferentemente do que imediatamente me acusaram e do que foi veiculado de modo ostensivo pela mídia sem que antes apurassem os detalhes do fato, jamais tentei matar a Fernanda. A acusação de tentativa de feminicídio foi um erro e eu sei que isso será sentenciado em breve pela competência do Poder judiciário.
Infelizmente, num momento de discussão no qual os ânimos se acirraram, dei partida no veículo, acabando por atingir inevitavelmente a Fernanda. EU não a atropelei e não a arrastei do modo como foi noticiado. Trata-se de um acidente lamentável.
Para esclarecer, ela não estava na frente do carro, estava ao lado do veículo e quando saí, não a vi segurar o limpador, de modo que ela ficou com a mão presa nele e foi isso que a fez cair. Se naquele momento tivesse percebido que a mão dela estava presa, jamais teria saído de lá, pois nunca foi minha intenção machucá-la. Tenho certeza e a consciência tranquila de que não atentei contra a vida dela, em nenhum momento joguei o carro em sua direção. Como disse e reafirmo, ela estava ao lado e não na frente do carro e é ela própria, com lealdade aos fatos, quem afirma isso. Como disse, estou certo que o desenrolar do processo judicial confirmará que não pratiquei tentativa de feminicídio. Dizer o mais ou o menos que isso é faltar com a verdade. Não me eximo das minhas responsabilidades, na exata medida delas.
Peço perdão por todo esse transtorno causado, mas preciso dizer que esse fato foi um infortúnio, um momento isolado na minha relação com a Fernanda que sempre foi pautada no acordo, no afeto, no respeito e na cumplicidade. Todo ser humano pode ter um momento de descontrole emocional do qual se arrependerá para sempre, mas nunca tive a intenção de machucá-la. Assim que percebi o que houve, voltei à casa dela e sugeri levá-la ao hospital imediatamente. Eu jamais a deixaria sem assistência.
Minha formação nas Comunidades Eclesiais de Base CEBS, me ensinou que perdoar tem a ver com o processo de reconstrução. Trata-se de reconhecermos o mal que houve com honestidade de seu impacto em nós mesmos e no outro, admitindo nossa fragilidade e a fragilidade do outro. Por isso, peço perdão publicamente e confesso o meu mais absoluto arrependimento.
Espero que esse acidente não apague minha trajetória de conquistas que começou como presidente da UMES (1988), de todos os dias dedicados à luta dos trabalhadores e das causas populares. Como militante de esquerda, reafirmo os valores humanistas e socialistas que sempre me nortearam, a defesa da igualdade social, de gênero, de raças e de credos. Continuarei na luta contra toda forma de opressão, violência e discriminação.
Tenho certeza e a consciência tranquila de que não sou um agressor, não é isso que me define e que eu não tentei matar a Fernanda. Eu jamais faria isso contra ela ou contra qualquer outra pessoa.
Confio e acredito na Justiça, neste parlamento e na Democracia Brasileira.
Muito obrigado.
Leia também | Ronivaldo Maia, investigado por tentativa de feminicídio, volta à Câmara Municipal hoje (28)
Ronivaldo Maia
Ronivaldo foi preso na noite do dia 29 de novembro do ano passado, no bairro Granja Portugal. O parlamentar teria atropelado uma mulher com quem mantinha um relacionamento amoroso, que tinha interesse pelo fim da relação e a vítima não concordava.
O vereador chegou a ficar preso por cerca de dois meses, porém conseguiu um habeas corpus em 1° de fevereiro e teve a prisão preventiva substituída por medidas cautelares. O caso gerou repercussão e fez com que o Conselho de Ética fosse acionado por parlamentares do Psol para avaliar a questão. Ronivaldo se disse arrependido das ações.
Em março, o próprio diretório do PT Ceará abriu processo disciplinar contra o vereador e ainda avaliam se expulsam ou não Ronivaldo da sigla. Após a repercussão do caso, Ronivaldo pediu licença de 120 dias do mandato ainda em dezembro de 2021. Ele deveria ter retornado no início de abril, o que não aconteceu por questões de saúde.