Ítalo Silva Santos, de Icapuí, e Rafael Araújo da Silva, de Senador Sá, são alunos da rede estadual de ensino
Estudantes com deficiência visual são aprovados em universidades públicas
Ítalo Silva Santos, de Icapuí, e Rafael Araújo da Silva, de Senador Sá, são alunos da rede estadual de ensino e possuem deficiência visual. Eles foram aprovados, respectivamente, em Ciências da Computação e Ciências Econômicas, demonstrando que a busca pela realização pessoal independe da existência de alguma limitação física.

Rafael Araújo, de 18 anos, começou a perder a visão aos oito. Morador do município de Senador Sá, o jovem fez os últimos anos da educação básica na Escola de Ensino Médio (EEM) Coronel Apoliano. Agora, prepara-se para cursar Ciências Econômicas na Universidade Federal do Ceará (UFC) – campus de Sobral. A matrícula, inclusive, já foi feita e as aulas estão previstas para iniciar no segundo semestre.
“Sempre gostei muito dos assuntos que envolvem economia e dinheiro. Quero entender por que alguns países têm muitos recursos financeiros e outros vivem na pobreza”, comenta.
Diante dos desafios cotidianos, o estudante cita que conseguiu superá-los com paciência e sem pressionar a si próprio. “No fim, consegui compreender todas as matérias. Sempre tive muito apoio de meus colegas e professores. Todos tentavam me ajudar para que eu conseguisse acompanhar as aulas. Isso foi muito importante, pois se eu fosse encarar tudo isso sozinho, seria bem mais complicado”, explica.
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Nova etapa
Ítalo Silva, de 19 anos, conta os dias para iniciar o curso superior em Ciências da Computação na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O jovem, recém-saído da EEM Professor Gabriel Epifânio dos Reis, em Icapuí, obteve o 1º lugar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), pelo sistema de cotas para pessoas com deficiência, após ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2022. As aulas têm previsão de iniciar em julho próximo.
Um dos maiores desafios de Ítalo durante o período escolar foi o acompanhamento das atividades em sala de aula sem conseguir ler. “Para quem enxerga é mais fácil, pois pode ver o que está escrito no quadro. Para quem não enxerga, é preciso prestar muito mais atenção à explicação do professor e assim conseguir entender o conteúdo”, relata.
Ítalo tem baixa visão de nascença e relata perceber a deterioração da vista com o passar dos anos. O jovem está aos poucos se adaptando ao sistema de escrita em Braille.
Sobre a escolha do curso superior, Ítalo diz ter seguido este caminho por ter afinidade com tudo o que diz respeito à tecnologia. É a própria tecnologia, aliás, que lhe permite ter acesso ao conhecimento de forma mais direta e simplificada.
“Utilizo no computador um leitor de tela, que me apresenta as informações em forma de áudio e me permite mexer na máquina normalmente. Apesar das dificuldades, a gente pode encontrar um caminho. Desistir não é opção. É preciso tentar, pois uma hora dá certo”, argumenta.
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