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Desastre ambiental da Braskem ameaça meio de vida dos pescadores em Maceió

Decisão da Capitania dos Portos, que ocorre pela primeira vez desde o início da crise em 2018, gerou desespero entre os pescadores

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5 de dezembro de 2023
Portal GCMAIS

O desastre ambiental causado pela Braskem na Lagoa Mundaú, em Maceió, coloca em risco a subsistência de centenas de pescadores locais. A proibição, na última sexta-feira (1º), do tráfego de embarcações na lagoa devido aos riscos de desabamento da mina nº 18 de exploração de sal-gema da Braskem, amplifica os desafios enfrentados por cerca de 500 pescadores da região, que já sofriam com o assoreamento da lagoa e a poluição.

Desastre ambiental da Braskem ameaça meio de vida dos pescadores em Maceió
Foto: Gésio Passos/ Agência Brasil

Os peixes e mariscos, como tainha, bagre, mandim, camurim, mororó, sururu, maçunim, siri e caranguejo, essenciais na culinária local, não podem ser pescados na área. A decisão da Capitania dos Portos, que ocorre pela primeira vez desde o início da crise em 2018, gerou desespero entre os pescadores.

Mauro Santos, presidente da Colônia de Pescadores da Zona 4, enfatiza que a produção de pescado já vinha diminuindo nos últimos 10 anos. A proibição de pesca na lagoa, agora, intensifica os desafios enfrentados pelos pescadores, que pedem realocação das comunidades dos Flexais, localizadas no bairro de Bebedouro, e exigem um auxílio ou seguro defeso para garantir a sobrevivência durante o período de proibição.

“Devido ao medo desse afundamento (da mina 18 da Braskem), a capitania botou uma nota impedindo de circular ali, naquela área. Mas ali a gente não circula, a gente trabalha. É diferente de interditar uma via, porque ao interditar uma via, sempre se arruma outra alternativa. E a gente não, não pode interditar onde é trabalho. Ali não é passeio, é o trabalho da gente lá”, diz Mauro.

Andreza Santos, pescadora e marisqueira, destaca que a proibição da pesca na lagoa a levou a buscar locais mais distantes para trabalhar. Apesar da entrega de cestas básicas pela prefeitura, os pescadores consideram essa ajuda insuficiente e apelam por medidas mais efetivas.

“A gente tá se virando como pode. Estamos indo para outro local, que não é nossa área, para pescar mais longe. Agora veio ajuda das cestas básicas, mas não vai amenizar nosso sofrimento como pescadores. A gente quer que o pessoal tenha responsabilidade com a gente, que somos pescadores. Hoje era para a gente estar com essas redes na água”, lamenta.

Em resposta, a Braskem informou que está construindo um centro de apoio aos pescadores e um píer, discutidos com representantes da Colônia de Pescadores Z4 e Federação dos Pescadores de Maceió. A empresa afirma que seus estudos indicam não haver impacto na qualidade da água ou restrição à atividade pesqueira decorrente de suas operações.

No entanto, o Ministério Público Federal de Alagoas e a Defensoria Pública da União expediram uma recomendação para que a Braskem, em cinco dias, garanta auxílio-financeiro para pescadores e marisqueiros afetados pela interdição da Lagoa Mundaú.

*Com informações da Agência Brasil.

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