PETROLEIRO

Mara Hope completa 40 anos encalhado no mar de Fortaleza; relembre história do navio

Hoje, menos de 30% da estrutura original do Mara Hope ainda permanece visível

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7 de março de 2025
Paulo Martins

No dia 6 de março de 2025, o petroleiro Mara Hope completou 40 anos desde seu encalhe na costa de Fortaleza, um evento que marcou a história da cidade e que, até hoje, atrai curiosos e turistas. Com sua estrutura corroída pela ferrugem e parcialmente submersa no mar, o navio, que já viveu dias de glória e tragédia, permanece imortalizado como um dos pontos turísticos mais inusitados de Fortaleza.

Mara Hope completa 40 anos encalhado no mar de Fortaleza; relembre história do navio
Foto: Reprodução

Originalmente construído em 1967 como Juan de Austria, em homenagem ao filho ilegítimo do rei Carlos I da Espanha, o petroleiro passou por várias transformações ao longo de sua vida. Renomeado como Asian Glory e, mais tarde, Mara Hope em 1983, o navio teve uma trajetória marcada por acidentes, incêndios e, por fim, seu inesperado encalhe.

Uma jornada tragicamente interrompida

Antes de sua morada não planejada em Fortaleza, o Mara Hope passou por uma série de infortúnios. Em 1983, enquanto estava ancorado no Porto de Port Neches, no Texas (EUA), sofreu um incêndio devastador que durou quatro dias e destruiu a casa de máquinas da embarcação. Felizmente, todos os 40 tripulantes conseguiram escapar sem ferimentos, mas o acidente causou danos irreparáveis ao navio. A embarcação foi considerada perda total e estava sendo enviada para ser desmontada em Taiwan, quando, em 1985, a viagem foi interrompida de maneira dramática.

Ao rumar para o sul, o Mara Hope ficou à deriva na costa brasileira após o rebocador que o conduzia sofrer avarias mecânicas. Na noite de 6 de março de 1985, uma forte tempestade e a maré alta fizeram com que as amarras se soltassem, fazendo o navio derivar e encalhar no banco de areia próximo à Praia de Iracema, em Fortaleza, a cerca de 1,6 km de onde havia sido ancorado inicialmente no Porto do Mucuripe.

Tentativas de salvamento frustradas

Após o encalhe, diversas tentativas de reflutuação foram realizadas, incluindo operações com rebocadores da Petrobras, mas todas falharam devido aos danos estruturais significativos no casco e à profundidade do banco de areia onde o Mara Hope havia ficado preso. Em 21 de março de 1985, a embarcação foi oficialmente declarada perdida pelo seu proprietário. Apesar disso, o navio se tornou um marco na cidade, que logo passaria a conhecer uma parte de sua história como um ponto turístico inusitado.

Nos anos seguintes ao naufrágio, o Mara Hope ficou abandonado e sofreu com o desgaste natural e a ação de vândalos. Eventualmente, a empresa Metal Mecânica do Ceará adquiriu a embarcação e iniciou um processo de desmanche, que durou cerca de cinco anos. Com o uso de maçaricos, trabalhadores locais retiraram as partes reutilizáveis, como motores, hélices, lastros e instrumentos de navegação. Por fim, o que restou foi seu casco vazio, que continua a ser um símbolo da história peculiar do navio.

Hoje, menos de 30% da estrutura original do Mara Hope ainda permanece visível, parcialmente submersa e corroída pela ação do tempo e da ferrugem. Apesar disso, a embarcação ainda é um ponto de visitação popular, especialmente para mergulhadores que exploram as formações de corais ao redor da parte submersa do navio. O Mara Hope tornou-se um marco curioso, que pode ser avistado em diferentes pontos da orla de Fortaleza, e ainda desperta a curiosidade de moradores e turistas.

Atualmente, o Mara Hope está oficialmente sob a posse da União e permanece no local, onde é considerado irrecuperável devido à deterioração de sua estrutura e aos altos custos envolvidos em qualquer tentativa de resgatar o navio. A Capitania dos Portos do Ceará, que acompanha o estado do naufrágio, não considera viável realizar operações para remover a embarcação.

Com o passar dos anos, o Mara Hope se mantém, ainda que fragmentado e corroído, como um símbolo de resistência da história marítima da cidade. A bordo de suas memórias, o petroleiro continua a encalhar nas águas do tempo e da memória fortalezense, sendo um testemunho de um destino inesperado e de uma cidade que, como o navio, transformou-se e seguiu adiante, carregando com ela a narrativa do Mara Hope por 40 anos.

Ao lado da Ponte Metálica, com o mar batendo contra sua estrutura deteriorada, o Mara Hope continua a ser um local de visitação e uma referência à relação entre Fortaleza e o mar, uma história de resistência e mistério que ainda ecoa na capital cearense.

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