A sensação de insegurança se estende também aos pais, além dos alunos da escola
Alunos do Liceu do Ceará protestam por melhorias na estrutura da escola
A Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Liceu do Ceará, uma das mais tradicionais e históricas do estado, enfrenta um dos piores momentos de sua trajetória. Localizada no centro de Fortaleza, a instituição, que já foi um ícone do ensino público, está mergulhada em problemas estruturais que afetam a qualidade de ensino e a segurança dos estudantes e profissionais.

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Imagens que circulam nas redes sociais e que foram feitas pelos próprios alunos e professores revelam a realidade difícil do Liceu. Corredores alagados, infiltrações no teto e nas paredes, além de problemas elétricos, são alguns dos desafios enfrentados diariamente. As condições precárias têm levado à interdição de várias salas de aula, o que compromete o funcionamento da escola e agrava ainda mais a superlotação já existente, com 550 alunos matriculados.
Cléa Gadelha, professora há mais de 30 anos no Liceu, expressa sua preocupação com a situação. “Enquanto tem escolas pedindo para alunos serem matriculados, nós estamos devolvendo alunos porque não temos condições de abrir mais uma sala. As salas estão extremamente cheias de infiltração. Quando chove, não tem condição de aula, muito calor, tem aluno passando mal, desmaiando. Quer dizer, a aprendizagem você deve imaginar como é que fica, né? Caótica”, afirma Cléa, com um olhar de preocupação e frustração.
Os alunos também sentem a pressão dessa realidade. Iury da Silva, estudante do Liceu, não esconde sua insatisfação. “É muito complicado conviver nessa escola. Quando chove, às vezes o teto cai, tem infestação no telhado. É uma escola triste, deprimente. A gente não merece isso. Estamos cansados de uma escola sucateada, onde diariamente temos que estudar no calor, onde a qualidade de estudo é ruim, e o cheiro de mofo nas salas é insuportável”, desabafa.
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A sensação de insegurança se estende também aos pais, como a senhora Vannuza Batista, mãe de um dos alunos. “A situação já dura mais de 10 anos e isso nos preocupa muito. Sabemos que a segurança do nosso filho está comprometida, e isso não pode continuar”, aponta ela, ressaltando a importância de uma escola que ofereça não apenas conteúdo, mas também condições básicas de infraestrutura e saúde para os alunos.
A situação do Liceu do Ceará reflete um problema estrutural que atinge muitas escolas públicas em Fortaleza e em todo o Brasil. A falta de ar-condicionado, a presença de infiltrações, as salas de aula mal iluminadas e a acústica deficiente dificultam a concentração e o aprendizado dos alunos. Fernanda de Lemos, professora na instituição, explica que a temperatura e o ambiente físico das salas afetam diretamente o desempenho dos estudantes. “Pesquisas mostram que a temperatura da sala influencia diretamente no aprendizado e na concentração. Temos salas muito escuras, com péssima acústica, e os alunos ficam cansados rapidamente. A situação não pode continuar”, afirma Fernanda.
O Liceu, que já foi referência de ensino no passado, se tornou um reflexo do abandono da educação pública em muitas regiões do Brasil. Desde 2017, a escola passou a oferecer ensino em tempo integral, com aulas das 7h20 às 17h, o que aumenta ainda mais a pressão sobre uma infraestrutura já fragilizada.
A situação desesperadora levou a comunidade escolar a se mobilizar e exigir melhorias urgentes. A União Estudantil de Fortaleza, representada por Gabriel Nepomuceno, presidente da entidade, tem sido um dos maiores defensores da luta por melhores condições nas escolas públicas. “Nós estamos aqui para cobrar melhorias. As condições de ensino têm que ser adequadas para garantir que os estudantes possam aprender em um ambiente seguro e saudável. Não podemos mais aceitar que as escolas públicas continuem em péssimas condições”, destaca Gabriel.
A luta não é apenas por melhorias pontuais, mas também por um investimento contínuo na educação pública. “O que estamos pedindo é o básico. A escola precisa de infraestrutura mínima para que o ensino aconteça de forma eficaz. Não podemos continuar com salas superlotadas e sem condições adequadas de estudo”, afirma Fernanda de Lemos.
A manifestação dos estudantes não é apenas uma reclamação, mas um recado claro para os responsáveis pela educação pública no estado. Iury da Silva, um dos líderes da mobilização, ressalta que “a nossa luta é por uma escola digna, que ofereça o mínimo necessário para que possamos estudar e aprender. A educação não pode ser uma prioridade apenas nas palavras, precisa ser uma prioridade na prática também.”
A situação no Liceu do Ceará é um reflexo do descaso que muitas escolas públicas enfrentam, mas também é um símbolo de resistência. A comunidade escolar está unida em busca de melhorias e de um compromisso das autoridades com a educação pública. “Aqui, temos ex-governadores e ex-prefeitos formados. O que queremos é que o Liceu do Ceará volte a ser uma escola de excelência, que respeite seus alunos e professores”, conclui Vannuza Batista, mãe de aluno.
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