DINHEIRO PÚBLICO

Dinheiro gasto com leite condensado pelo Governo Federal poderia comprar quase 270 mil doses de CoronaVac

O Governo Federal gastou cerca de R$ 1,8 bilhão com alimentação em 2020; o valor é 20% maior do que no ano anterior

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27 de janeiro de 2021
Márcia Catunda

Cerca de 268.759 doses da vacina CoronaVac poderiam ter sido compradas pelo Governo Federal com os R$ 15 milhões gastos só com leite condensado nas compras do Planalto. Esse valor é calculado com base no custo de R$ 58,20 pago pelo Ministério da Saúde por cada dose vendida pelo Instituto Butantan.

Dinheiro gasto com leite condensado pelo Governo Federal poderia comprar quase 270 mil doses de CoronaVac
Foto: Divulgação / Governo de SP

O gasto exorbitante do Governo Federal foi motivo de debate tanto nas redes sociais quanto na política nacional. Segundo o levantamento divulgado pelo site “Metrópoles”, o Planalto gastou mais de R$ 1,8 bilhão só com alimentação. Mesmo durante a pandemia, o valor é 20% mais alto do que em 2019.

Em um ano em que a maior parte dos brasileiros tiveram que se readequar à crise econômica causada pela pandemia, o Governo gastou R$ 2.203,681 só com chicletes. Molhos shoyo, inglês e de pimenta, juntos, custaram R$ 14 milhões. As pizzas e os refrigerantes saíram por R$ 32,7 milhões dos cofres públicos.

Esses valores não são referentes aos custos exclusivos do consumo do presidente Jair Bolsonaro, mas de vários órgãos ligados ao Governo. O secretário de Comunicação Institucional, Felipe Pedri, se pronunciou sobre o caso, afirmando que o gastos competem “a uma extensa lista de servidores do exército e até de programas assistenciais do Governo”.

Ministério da Defesa lidera lista de gastos

Ainda existem muitos questionamentos sobre o uso do dinheiro pelo Governo. Por exemplo, a maior parte dos gastos é ligado ao Ministério da Defesa. Foi de lá que saiu a maior parte dos pedidos de vinhos, que custaram R$ 2.512.073, 59 aos cofres públicos. Logo depois vem o Ministério da Educação, que soma, pelo menos, R$ 60 milhões em gastos, mesmo em um ano em que as Universidade Federais estiveram a maior parte do tempo com aulas remotas.

Segundo uma nota das Forças Armadas, os gastos com a alimentação no Ministério da Defesa partem da obrigação de manter a nutrição dos militares e civis que atuam na área.

“O Ministério da Defesa fornece diariamente alimentação para militares e servidores civis que permaneceram com atividades essenciais ao cumprimento de sua missão institucional, mesmo durante a pandemia, por meio de suas Unidades Gestoras. A aquisição de alimentos variados e conforme a disponibilidade de mercado, leva em consideração, naturalmente, que o fornecimento de uma dieta inadequada tem potencial de deixar de conduzir o homem a um estado nutricional saudável para a realização de suas atividades laborais”, explica a nota.

Investigação sobre os gastos

Mesmo assim, alguns parlamentares protocolaram, nesta terça-feira (26), uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Presidência por causa desses gastos. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) pediram que o TCU investigue as compras para verificar a legalidade, legitimidade e economia.

O cearense Ciro Gomes (PDT) falou, nas redes sociais, que já entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal solicitando uma investigação sobre estes gastos.

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