Para além de ser um espaço de acolhimento, o projeto “Outra Casa” se propõe a fazer um trabalho de suporte para jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade
Projeto de Fortaleza oferece suporte psicológico, jurídico, laboral e acolhimento para pessoas LGBTQIA+
Quem passa pela casinha amarela e simples da rua Instituto do Ceará, no bairro Benfica, nem imagina a potência que este espaço abriga. Isso porque a grandiosidade do projeto “Outra Casa” não está simplesmente na sua estrutura física, mas na proposta de levar acolhimento, cuidado e suporte para jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social ou vítimas de violências. E é através deste trabalho que a iniciativa busca construir uma Fortaleza mais justa, igualitária e diversa.

>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
A história da “Outra Casa” surgiu já em um contexto de pandemia, há cerca de um ano e três meses. Renata Gois, coordenadora do núcleo de acolhimento do projeto, explica que o ponto de partida foi uma urgência, efeito da combinação da covid-19 com o preconceito diário vivido pelas pessoas LGBTQIA+.
“A ideia do projeto da ‘Outra Casa’ surgiu a partir de uma urgência. Ela veio através de pegar algumas demandas sobre violências psicológicas da população LGBTQIA+, que já se via confinada antes e, com a pandemia, se viu ainda mais confinada com a família que, às vezes, é a fonte do conflito”, explica Renata Gois.
O projeto, então, começou em uma casa cedida no bairro Jangurussu, periferia de Fortaleza. Porém, na medida em que a iniciativa foi se estruturando, a “Outra Casa” passou a ocupar um espaço no bairro Benfica. Atualmente, são 30 voluntários de diversas áreas profissionais que trabalham em um dos quatro núcleos, o de acolhimento, laboral, cultural e de infraestrutura. É o trabalho dessas pessoas e as doações que mantém o projeto funcionando e atendendo cerca de 16 pessoas no acolhimento externo e cinco no interno.
Leia também | Retificação de nome e gênero: o direito das pessoas trans de ser quem são
Segundo Renata Gois, essas duas modalidades de acolhimento de jovens LGBTQIA+ visam dar suporte não apenas para as pessoas que precisam de moradia e refeições, mas também para quem precisa de outras ajudas para superar as barreiras causadas pelo preconceito de gênero e orientação sexual.
“A missão da ‘Outra Casa’ é a reinserção da pessoa à sociedade”, explica Renata Gois, acrescentando que as pessoas podem passar até três meses em acolhimento interno na casa. “A gente não quer que passe esse tempo só por passar. A gente quer dar autonomia para o indivíduo caminhar para a sua vida. A ideia vai muito além de casa e comida, o objetivo não é acumular pessoas, mas é que as pessoas vejam um horizonte na vida, um futuro melhor”.
Hugo Nogueira, que é psicólogo e faz parte da direção da ‘Outra Casa’, explica que o projeto busca ir além das paredes da casinha amarela no Benfica e se conectar com a Cidade como um todo, levantando debates e elaborando políticas públicas que sejam capazes de mudar a vida de milhares de pessoas LGBTQIA+ em Fortaleza.
“Tem a questão de ampliar os serviços da ‘Outra Casa’ para que a gente ajude na promoção dos direitos da população LGBTQIA+ dentro da comunidade como um todo”, explica Hugo Nogueira. “Para que realmente seja um lugar que irradie e que se insira em toda a cidade”.
Leia também | Festival For Rainbow realiza mostra de cinema LGBTQIA+ online de 24 a 28 de junho
O serviço oferecido pela “Outra Casa” para pessoas LGBTQIA+

Foto: Divulgação
O projeto “Outra Casa” é voltado para pessoas LGBTQIA+ que estão na faixa etária entre os 18 e 29 anos de idade, com exceção das pessoas trans, que podem ser acolhidas para além destas idades. Os jovens que precisam desse suporte podem procurar atendimento através do perfil @outracasacoletiva no Instagram.
O espaço físico da casa pode abrigar até oito pessoas, mas, atualmente, diante da pandemia, este limite desceu para cinco. Já no acolhimento externo, sem a necessidade que a pessoa fique abrigada na casa, o atendimento depende da capacidade dos voluntários que compõem o projeto. O diretor Hugo Nogueira garante: “todas as pessoas que procuram a gente, nós tentamos, de alguma forma, ajudar e dar um suporte”.
Entre os serviços estão o atendimento psicológico, o suporte jurídico, além do auxílio laboral, com profissionais da área de administração que analisam currículos, simulam entrevistas e ajudam os jovens a se inserirem no mercado de trabalho.
>>Acompanhe o GCMAIS no YouTube<<<
Doações
O projeto funciona com base no trabalho de voluntários e doações financeiras. Segundo explica Renata Gois, os doadores podem escolher uma das duas modalidades de suporte ao projeto. A primeira é através do benfeitoria.com/outracasa, uma espécie de assinatura que varia de R$ 10 a R$ 100 por mês. A outra forma, que não tem nenhum valor fixo, é através do Pix, que pode ser feito usando a chave queroajudaroutracasa@gmail.com.

NOTÍCIAS DO GCMAIS NO SEU WHATSAPP!
Últimas notícias de Fortaleza, Ceará e Brasil
Lembre-se: as regras de privacidade dos grupos são definidas pelo Whatsapp.
RELACIONADAS

Polícia Civil do Ceará celebra 217 anos com exposição interativa gratuita em Fortaleza

Mãe motorista de app divulga talento da filha cantora enquanto dirige em Fortaleza

Papo de Empresário: evento da CDL Jovem Fortaleza discute reforma tributária
