Neste domingo, 9 de maio, é comemorado o Dia das Mães, e elas merecem parabéns em dobro por desempenharem esse importante papel em meio a uma pandemia. Com a Covid-19, a maternidade foi ainda mais desafiadora: lidar com medo e insegurança, mudanças na rotina de trabalho, jornadas duplas e até mesmo triplas. Ser mãe, esposa, dona de casa e profissional ao mesmo tempo. É por isso que as mamães, neste ano, merecem um carinho bem especial. Muita coisa mudou em pouco tempo, muitas verdades foram revistas.
Ser mãe é um eterno doar-se, de corpo e coração. É um amor em construção, que cresce a cada dia. Para mim, representou uma mudança de prioridades. Precisamos abrir mão, nem que seja temporariamente, de alguns objetivos para podermos exercer integralmente a maternidade. É uma experiência que traz inúmeros aprendizados. Minha filha, por exemplo, aprimorou em mim a paciência. Como médica, tenho sempre o desejo de resolver os problemas dos pacientes. O bebê nasce muito imaturo e, principalmente nos três primeiros meses, tem choros de cólica, que não tem um remédio, por exemplo. É um processo natural.
O conforto, amor e carinho da mãe são o que os bebês precisam, e será assim para o resto da vida. Não podemos evitar que nossos filhos sofram, podemos criá-los com amor e carinho, prepará-los para o que os espera e estar sempre com os braços abertos para recebê-los. A minha própria mãe, por exemplo, fez isso. Não é por sermos da área da saúde que não temos os nossos próprios desafios. Ela esteve comigo nos primeiros dois meses e essa rede de apoio foi fundamental. Sou muito grata a ela também por ter se doado a mim e à minha filha nesse período. O conhecimento e vivência dela me ajudaram muito.
Além de ser filha e de hoje ser mãe, tenho o privilégio de exercer uma profissão que ampara as mães no processo de trazerem seus filhos ao mundo. Poder ajudar e aliviar a dor foram os motivos que me fizeram escolher a medicina. Ao longo do curso, vamos conhecendo todas as especialidades, mas a obstetrícia me encantou já no primeiro momento. Além de cuidar e aliviar a dor, a possibilidade de fazer parte de um momento muito feliz de uma família. Nunca tive dúvidas de que foi a escolha certa.
Na minha vivência profissional, percebo que a maternidade não é algo imediato para todo mundo. E isso é normal, ser algo que é construído. É bonito acompanhar esse processo ao longo dos meses, mulheres que se transformam em mães. Mas não tem nada que se compare ao brilho nos olhos dos pais ao conhecer seu bebê. É um momento tão frágil e intenso, sempre emociona. Após ser mãe, esse momento se redefiniu. Revivo a cada parto o sentimento e até entendo-o melhor agora. São tantos sentimentos que surgem no nascimento – como a dúvida se conseguiremos amar e cuidar daquele bebê tão frágil -, que às vezes nem conseguimos entender plenamente o momento.
Minha gestação foi programada, mas a pandemia não. Com certeza tive medo, mas no final deu tudo certo. Para as mulheres que estão vivenciando também esse duplo desafio da maternidade em tempos de pandemia, por se tratar de um momento mais vulnerável a algumas complicações, ressalto que o contato com o vírus deve ser evitado ao máximo. É melhor evitar aglomerações, usar máscara, lavar as mãos com álcool gel. São os cuidados básicos para evitar o contágio, que todos precisamos ter. Não é momento de fazer ou receber visitas, mesmo as de familiares. Não é um bom momento para realizar um chá de bebê.
Já no puerpério, ainda temos o contato muito próximo com um bebe recém-nascido, com sistema imunológico muito frágil. Então os cuidados devem ser intensificados e a amamentação deve ser muito incentivada, pois é a principal fonte de defesa para esse bebê. Mesmo na suspeita ou confirmação de Covid-19 nas mães, ainda assim, a amamentação é importante, claro que com uso de máscaras específicas e higiene mais cuidadosa. Quanto aos familiares que moram na mesma casa, precisam ser zelosos com a higiene ao chegar em casa, antes de ter contato com a grávida, e os ambientes devem estar sempre bem arejados.
Há um dito de que “para criar uma criança é preciso uma vila”. Em tempos de pandemia e distanciamento social, esse senso de vida em comunidade foi inevitavelmente afetado. A falta da rede de apoio realmente traz um impacto grande na maternidade, mas felizmente a divisão de tarefas trouxe uma paternidade muito mais ativa. Para apoio emocional, vimos surgir uma rede de apoio on-line muito interessante, para dividir angústias, experiências e tirar dúvidas. Grupos de WhatsApp foram a saída que muitas mães passando pela mesma fase de vida encontraram para não estarem sozinhas.
O cuidado com a saúde emocional da mãe nessa avalanche de obrigações é muito importante, e para isso é fundamental ter com quem conversar e ter um momento para si. Fazer alguma atividade que tire da rotina de casa, um banho demorado, um momento para relaxar e meditar. Fazer uma caminhada ao ar livre em algum horário com pouco movimento na rua com o uso de máscara traz baixo risco de contágio e traz oxigênio para uma mãe cansada. Para isso, um parceiro disposto a exercer sua paternidade é fundamental. A carga dividida fica mais leve para ambos. Uma mãe sem saúde mental não consegue nem cuidar de si, quem dirá da família.
Eu desejo resiliência para as mães nesse momento de pandemia. Que sejam capazes de se adaptar a todas as mudanças. Mães têm a capacidade infinita de amar e a força suficiente para fazerem o que quiserem. Esse momento vai passar. Cada uma está fazendo o seu melhor, não devem se cobrar perfeição. Que todas essas mulheres guerreiras possam ter um maravilhoso Dia das Mães!