A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do Centro Internacional de Pesquisa do Câncer (CIRC/IARC), classificou o talco como “provavelmente cancerígeno” para os seres humanos e a acrilonitrila como “carcinogênica” com base em novas evidências publicadas na revista científica The Lancet Oncology na última sexta-feira (5). O talco foi classificado na categoria 2A, indicando que é provavelmente cancerígeno para os seres humanos.

Esta conclusão foi baseada em uma combinação de estudos que mostraram um aumento na incidência de câncer de ovário em mulheres que relataram o uso de talco na região perineal e evidências de testes em animais de laboratório.

Segundo os especialistas, a exposição ao talco ocorre principalmente no ambiente de trabalho durante a extração, moagem ou processamento do mineral, e também através do uso de produtos que contêm talco na população geral.

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Contudo, a relação entre o uso de talco e o câncer de ovário ainda é debatida. Uma revisão de estudos publicada em janeiro de 2020, envolvendo 250 mil mulheres nos Estados Unidos, não encontrou uma ligação estatística robusta entre o uso de talco nos órgãos genitais e o risco de câncer de ovário. Por outro lado, um estudo mais recente, publicado na Journal of Clinical Oncology, encontrou uma associação positiva.

“A associação com o câncer de ovário é uma discussão de longa data, mas há dúvidas. Esses estudos populacionais de larga escala trouxeram resultados controversos. Diante da classificação da IARC, que avaliou essas evidências, devemos ter cautela em relação ao uso do talco”, avalia Angélica Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

A preocupação com o talco e o risco de câncer surgiu inicialmente na década de 1970, quando se descobriu que o amianto, um conhecido cancerígeno, contaminava os depósitos de talco. Embora o talco atualmente comercializado deva estar livre de amianto, a IARC alerta que a contaminação não pôde ser completamente excluída em muitos estudos, devido aos desafios de medição precisa.

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OMS classifica talco como cancerígeno em novo estudo; acrilonitrila também foi classificada

Além do talco, a IARC também classificou a acrilonitrila, um composto orgânico volátil usado na produção de polímeros, como carcinogênica para humanos (categoria 1A). A decisão se baseia em evidências suficientes de câncer de pulmão e evidências limitadas de câncer de bexiga em humanos.

A acrilonitrila é utilizada na fabricação de fibras para roupas, carpetes, plásticos para produtos de consumo e peças de automóveis. Ela também está presente na fumaça do cigarro e na poluição do ar.

A nova classificação da IARC destaca a necessidade de medidas preventivas rigorosas tanto no ambiente de trabalho quanto no uso de produtos de consumo contendo essas substâncias, para reduzir o risco de exposição e potencial desenvolvimento de câncer.

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