PRISÃO EM PERNAMBUCO

Preso policial do Ceará que matou ex-funcionário por causa de processo na Justiça

O suspeito que também é médico é acusado de homicídio e ocultação do cadáver

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28 de abril de 2025

Paulo Martins

O médico-cirurgião Cícero Jânio Pereira de Sá, de 46 anos — que também é sargento da Polícia Militar do Ceará e dono de um garimpo em Verdejante (PE) — foi preso na última quarta-feira (23), acusado de sequestrar e matar o ex-funcionário Reginaldo Gomes Barbosa, de 47 anos.

Preso policial do Ceará que matou ex-funcionário por causa de processo na Justiça

Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, o crime teve início no dia 24 de julho de 2024, logo após uma audiência na Vara do Trabalho de Salgueiro. Reginaldo, que trabalhava como motorista de caminhão transportando cargas do garimpo de Cícero, cobrava na Justiça o pagamento de verbas rescisórias após ser demitido. Ele desapareceu poucos minutos depois de deixar o fórum.

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“Assim que ele sai da audiência trabalhista, não deu tempo nem de atravessar a BR. O empregador já estava em seu veículo, o perseguiu, desceu armado e o obrigou a entrar no carro”, relatou o delegado Tenório Neto, do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil de Pernambuco.

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De acordo com testemunhas, o médico armado rendeu Reginaldo nas proximidades do fórum e o levou à força em seu carro. O paradeiro da vítima permaneceu desconhecido por dez dias. No dia 2 de agosto, um corpo carbonizado foi localizado no município de Jardim, no Ceará — a mais de 70 km de Salgueiro. A identificação posterior confirmou tratar-se de Reginaldo Gomes Barbosa.

Com o avanço das investigações, a Justiça expediu mandado de prisão temporária contra o suspeito. A prisão de Cícero foi realizada em uma rodovia da cidade de Terra Nova (PE), após trabalho de inteligência da equipe do GOE.

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“Recebemos a informação de que ele estava de plantão em Terra Nova. A equipe foi deslocada, e conseguimos interceptá-lo no percurso. Ele estava no mesmo veículo usado no sequestro”, afirmou o delegado.

Durante a abordagem, a polícia apreendeu com o acusado uma espingarda calibre 12 sem registro, o que resultou também em autuação por porte ilegal de arma de fogo. Ainda segundo as autoridades, o médico agiu sozinho no crime.

Apesar da gravidade das acusações, Cícero Jânio optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório, conforme orientado por sua defesa.

“Ele negou a autoria, mas preferiu não responder às perguntas. É um direito constitucional dele”, disse o delegado Tenório Neto.

O delegado também criticou a ousadia do crime, cometido nas imediações do fórum e logo após uma audiência judicial.

“Ele mostra desprezo pela Justiça. Sai de uma audiência na presença de uma juíza e, minutos depois, comete um crime gravíssimo. Certamente, acreditava estar acima da lei por conta do poder econômico e político que julga ter”, completou.

O médico e militar, que já possui processos na Justiça Militar, foi encaminhado ao Presídio Militar de Fortaleza, no Ceará, onde deve cumprir os 30 dias de prisão temporária inicialmente decretados. A Polícia Civil seguirá com as investigações para concluir o inquérito e encaminhar o caso ao Ministério Público.

“A Polícia Civil não investiga pessoas. Investigamos crimes. E vamos chegar aos autores, sejam eles ricos, pobres, militares ou civis. Ninguém está acima da lei”, finalizou o delegado Tenório.

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